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Um Africano em Nova York
08.dezembro.2004
Tania Menai, de Nova York
Ele está sempre updated em tudo, inclusive na moda. Um nova-iorquino típico, um cidadão do mundo. Durante décadas foi um dos jornalistas de publicidade mais relevantes. Foi editor da Adweek, criou e dirigiu a Ads, na década de 80, dirigiu a Bozell. Além disso, é autor de um livro que é um clássico da propaganda; “When Advertising Tried H arder”, escrito há 20 anos considerado até hoje, pelo New York Times, um dos melhores livros sobre o assunto. Aos sessenta e poucos anos, de seu escritório da África em New York, Larry Dobrow dispara conselhos, informações e mantém a agência que chacoalha a propaganda brasileira e seus clientes permanentemente atualizados. “Cada cliente da África é, indiretamente, um cliente meu”, diz Larry, dono de uma simpatia ímpar. “O que torna minha atividade tão prazerosa é a aventura de abrir a caixa de e-mail pela manhã, com pedidos que vão desde a participação em algum trabalho criativo à novidades em determinadas indústrias”, completa.
Ele é o guru de Nizan Guanaes. “Do momento que eu o vi eu sabia que tinha encontrado meu Obi-wan Kinobi” diz Nizan. Larry devolve no mesmo tom: “Nizan é um brasileiro que não tem medo do mundo. Ele anda com desenvoltura, fala com autoridade e é respeitado como criador e como empresário”. É esta mente borbulhante que aliementa a equipe publicitária com informações, comentários, opiniões, e acontecimentos em áreas chave da comunicação e tecnologia que têm impacto em propaganda. Larry deixa todos informados sobre novas tendências, novas linhas de pensamento, novas direções. “O time de Nizan garimpa tudo isso e determina o que pode ser importante para o Brasil – seja hoje ou amanhã”, diz Larry. Ele acredita que o Brasil cresceu como um centro de publicidade e é capaz de competir com qualquer mercado no mundo. “É bom saber que colaborei um pouquinho para isso”, orgulha-se. “Amo o Brasil, amo brasileiros – eles estão sempre de bom-humor. E são criativos: o exemplo disso está na música. O país mistura muitas raças e berços – e o melhor desta mistura emerge para a superfície”, diz. “Sem falar que as mulheres são lindas”.
A dupla Larry e Nizan se conheceu num jantar do júri do New York Festival no Four Seasons em Manhattan. “Sentamos à mesa de jantar com mais oito ou nove pessoas, no hotel Four Seasons, diz Larry. “Falava-se ali tantos absurdos sobre as peças publicitárias recém julgadas, que tive a coragem de abrir a boca e soltar comentários que iam contra aquelas idéias”, conta. “E Nizan concordou comigo - clicamos imediatamente”. Pouco depois, o diretor baiano convidou Larry para palestrar na Semana da Propaganda, em São Paulo. Larry ainda falou para o time criativo de Nizan e analisou o trabalho da agência. “Fiquei bastante impressionado com os pensamento e idéias”, lembra. “Isso deve ter uns 13 anos, quando o Brasil estava começando a emergir como potência em propaganda”. Nizan, por sua vez, ficou impressionado com a capacidade de análise e vitalidade do sujeito sentado ao seu lado. À la Nizan, ele disparou ao recém-conhecido: você não quer trabalhar comigo? Como os dois são rápidos: “you’ve got a deal”.
Larry, passou a trabalhar para a agência uma vez por senama de Nova York. No ano seguinte, aumentaram a carga para dois dias. “Mais um ano, Nizan me contratou em tempo integral”, Larry diz sorrindo. Não é para menos.Começou ali uma parceria e amizade que vem desde os tempos da DM9, passou para a DDB e sobreviveu aos dias de Nizan no IG. Carol e Larry Dobrow, como diz Nizan são family.
Ao escolher para ser seu Guru e scout de novas tendências um jovem dinâmico de cabelos brancos, a África mostra novamente que age diferente. Apostar e ganhar. Hoje o futuro chega as mãos da África e seus clientes graças à vibração e visão desse adolescente hightech sempre ligado ao futuro chamado Larry Dobrow.
Ele comandou também durante anos a festa Americana no Castelo de Napule sempre às quintas-feiras, onde a delegação americana dava um tempo da fabulosa cozinha francesa e matava as saudades de casa com hambúrgue, milho assado e hot-dogs, mas sem abrir mão da champagne francesa. Larry carrega lembrança de uma delas em especial: “Alguns brasileiros, que eu não conhecia na época, penetraram na festa”, lembra. “Um deles, era Washington Olivetto. O outro era Eduardo Fischer. E o terceiro acho que era Nizan”, revela o nova-iorquino. Pelo seu histórico profissional, Larry desfila na Croisette, em Cannes, como se estivesse em campanha eleitoral. E seu trânsito em Manhattan é absoluto.
Bem articulado, Larry é um leitor voraz. Além de livros, devora jornais de negócios, de publicidade, imprensa em geral, surfa pela internet. De tudo que absorve, descarta 90% por não interessar ao Brasil ou Nizan. “Não me preocupo em impressionar, não temo fazer uma previsão incorreta. Eles são capazes de decidirem por si”. Larry recusa a idéia de ser o que é por ser inteligente ou sábio – acredita que está no lugar certo: Nova York, o epicentro desta profissão. “As novidades emergem primeiramente aqui e em Londres”, diz ele. “Estas duas sociedades são mais desenvolvidas e falam a língua da propaganda – o inglês”. Ele enxerga seu talento e papel como um acidente que combina tempo, lugar,curiosidade, experiência e interesse. “Se o Brasil falasse inglês e se o país fosse o centro da publicidade, não há dúvidas de que Nizan seria a maior figura no mundo da propaganda”, diz Larry. “Ele sabe que há muitas coisas acontecendo aqui que ele tem interesse em saber. E me selecionou como intérprete”. E continua. “Nizan é forte – não só fisicamente, mas mentalmente. Sua mente é grande. Ele não tem medo de expressar suas convicções”, diz. Larry acredita que algumas pessoas têm capacidades intelectuais semelhantes a Nizan. Mas a diferença, segundo ele, está no constante entusiasmo deste criativo baiano com o poder de vendedor. “Esta é uma combinação pouco comum”.
Casado, pai de duas filhas, avô de duas crianças (além dos três netos da parte de sua esposa), Larry nasceu em Nova York de uma família judaica. Recusa-se a revelar a idade. Mas isso não importa. Ele coninua com a mesma vitalidade de quando começou sua carreira como jornalista em um diário vespertino - cobria a área policial e assinava uma coluna sobre vida noturna. “Quando um jovem trabalha até 11 da noite, ele nunca está pronto para ir dormir. Então, acaba arranjando problemas”, conclui. “Aquela vida não era para mim. Eu não estava fazendo minha mãe feliz”, brinca. Um dia, ao sair do metrô Larry em frente à Bloomingdale’s, pensou em bater na porta daquela imensa loja de departamentos. “Eu não sabia muito sobre a empresa, mas sabia que ela fazia propaganda” Corajoso, acabou conversando com a diretora de publicidade e em 10 minutos tinha um emprego. Anos mais tarde, foi gerente e diretor de propaganda de lá – até virar a casaca e render-se às agências, chegando a ocupar um dos cargos mais altos da da Bozell.
Nosso herói pega no batente diariamente por volta de 9.15 da manhã. Logo cedo, devora os jornais, passeia pelas galerias e lojas do Chelsea, almoça com editores. “Não tenho nada para vendê-los, nem eles a mim. Apenas trocamos idéias”. Seu escritório fica a uma quadra da Union Square, região das agências nova-iorquinas, que tem debandaram da Avenida Madison por causa dos preços estratosféricos de aluguéis. Máquina de gerar e-mails e análises, Larry dispensa qualquer glamour. Em uma estrutura franciscana, trabalha sem qualquer secretária em um escritório de duas salas não muito grandes, despidas de qualquer decoração avant-garde. Nas paredes brancas, apenas um poster da revista Ads e uma bandeira do New York Knicks, seu amado time de beisbol.“Mas ele produz mais que a super-estruturas internacionais de uma rede que tem 20 pessoas para cuidar de centenas de países ao mesmo tempo. Nós temos um dos maiores analistas em marketing dos Estados Unidos trabalhando para nossos clientes”, diz o diretor de atendimento da Africa, Márcio Santoro que trabalha intensamente com Larry desde os tempos de DM9. O que ele tem de avant-garde, está em sua mente.
[ copyright © 2004 by Tania Menai ]
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