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Inclusão Digital é tema no Fórum Social
28.janeiro.2005

Tania Menai,de Porto Alegre

A inclusão digital é um dos principais temas debatidos no Fórum Social Mundial de Porto Alegre. Na quinta-feira, aconteceu o primeiro debate na área das tendas que tratam a questão da comunicação.

Os palestrantes, profissionais de telecomunicação, defenderam, sobretudo a adoção de políticas públicas que defendam o acesso à Internet e telefonia barata pelas camadas menos privilegiadas da população. "Informação é tão crucial quanto esgoto, comida e moradia", disse o gaúcho Cláudio Dutra, responsável pela implantação de 36 telecentros em Porto Alegre. "Um dos melhores exemplos do impacto das comunicações imediatas sobre sociedades é a ajuda comunitária global às vítimas dos tsunamis na Ásia - sem a Internet, não haveria como ajudá-los desta forma", acrescentou Dutra.

Telecentros são espaços com computadores e acesso à Internet que servem às populações carentes. Calcula-se que o Brasil disponha hoje de 800 a mil espaços destes, seja em favelas ou comunidades na Amazônia. O serviço é grátis ou de baixo custo, nada que se compare a um cyber-café. "Muita gente não têm endereço fixo - mas agora têm, pelo menos, um endereço de e-mail", contou Dutra. "Vimos moradores de ruas que usam os telecentros para escrever livros e contar suas histórias", acrescentou.

A idéia destes centros é a gestão comunitária, ou seja, a própria comunidade é responsável em gerenciar e manter os centros. Até hoje foi registrado apenas um roubo de computador nos centros de Porto Alegre. Um dos participantes do debate, contudo, apontou que o governo do Estado de São Paulo acaba de cortar a verba destes centros, o que resulta em perda de empregos e fechamento de espaços.

Outro membro da platéia, Sr.Edgar, contou que lidera um telecentro em uma favela paulistana. A internet vai bem, obrigada. Mas Sr. Edgar levantou outro problema - o alto custo da telefonia fixa.

Comunicação por telefone foi o assunto de José Zunga, presidente da Federação interestadual dos trabalhadores em telecomunicações. Zunga trouxe números impressionantes como o número de aparelhos celulares no Brasil: são 65 milhões comparados aos 40 milhões de linhas fixas. Ou seja, de cada 3 brasileiros, um tem telefone celular. "Brasília chega a ter mais celulares do que habitantes", disse ele.

O "boom", segundo Zunga, foi entre os anos 2001 e 2002, quando o aumento foi de 50%. Ainda assim, 85% de todos estes 65 milhões de celulares são pré-pagos - isso significa que são aparelhos utilizados pela população de baixa renda, que acaba usando essas linhas, principalmente, para receber chamadas. Zunga apontou a discrepância entre os valores das linhas pós e pré-pagas - esta última, segundo ele, uma exploração abusiva dos provedores.

O valor dos cartões telefônicos usados em orelhões também foi levantado. "Certamente, as fichas telefônicas eram incômodas - mas com cartões, perdemos o controle de uso", disse ele. "Hoje, para se fazer uma ligação deve-se comprar um cartão de 40 unidades - nem todo mundo pode pagar este preço".

Ele explica, que em comunidades carentes, 80% das ligações feitas em orelhões são chamadas recebidas. O restante das chamadas, em sua maioria, é feito a cobrar. Isso mostra que o uso de cartão telefônico não é eficiente para estas comunidades.

Outro tema debatido na palestra foi o uso dos softwares livres, como os que estamos utilizando nos computadores instalados na sala de imprensa do Fórum. Segundo eles, isso colocaria fim ao monopólio de empresas no setor, baixaria o custo de computadores e traria uma "riqueza virtual". Além disso, eles defendem o uso de espaço público, como salas desativadas ou até mesmo os Correios, para a instalação de telecentros.

"Antigamente, dizíamos que para um plantador de tomate, lhe bastavam as mãos", disse Dutra. Hoje, com a internet, ele pode saber qual a melhor semente, melhor adubo, solo e qual a melhor maneira de vender. Até o plantador de tomate precisa de informação global", finalizou.


[ copyright © 2004 by Tania Menai ]

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