Você não soube me amar
01.abril.2005
Ele não te ligou?
Abaixo as desculpas esfarrapadas! NOVA dá em primeiríssima mão um resumo do best-seller que detona as suas crenças sobre o universo masculino. Inspirado no seriado Sex and the City, já vendeu mais de um milhão de exemplares nos Estados Unidos. Você precisará de um coração forte, muito forte, para encarar a realidade. Está pronta?
Tania Menai, de Nova York
Você é mulher, PhD em física quântica, diretora de uma multi-nacional, sócia daquele renomado escritório de advocacia. Passou por vários testes na vida e acha que pode tirar qualquer questão de letra. Vejamos:
* Aquele homem com quem você saiu – e dormiu – não lhe telefona há duas semanas. Você conclui que:
(a) Ele é super ocupado, perdeu o seu número de telefone, levou uma tijolada no crânio e está sofrendo de perda de memória recente – e você, então, deve lhe telefonar?
(b) Você deve largar o emprego para ficar em casa, ligar para a companhia telefônica para certificar-se de que tudo está certo com a sua linha, e esperá-lo ligar?
(c) Ele não está muito a fim de você e é melhor seguir com a sua vida?
Nenhum homem precisa colar na prova para saber que a resposta certa é a (c). Mas se as mulheres também soubessem, o livro He’s just not that into you (Ele simplesmente não está tão a fim de você), recém-lançado nos EUA, não estaria vendendo mais do que cerveja no Maracanã – mais de 2 milhões de cópias já voaram das prateleiras. “Homens sabem usar o telefone”, revela bombasticamente o comediante Greg Behrendt, co-autor do livro e consultor do programa Sex and the City, um dos seriados de maior audiência no país (e no mundo), que mostrava a vida de quatro mulhers solteiras em Manhattan . E a verdade, nua, crua e dolorida é: “se ele não telefonou, é porque... ele simplesmente não está tão a fim de você.”
Apaixonado pela esposa (sim, ele telefona para ela o dia todo) e pai de uma filha, Greg, que vive em Los Angeles, era o único homem da redação de Sex and the City. Trabalhava rodeado por redatoras que despejavam ali suas próprias desgraças amorosas, como o fim-de-um namoro no qual o cidadão, depois de passar uma bela noite na casa da namorada, simplesmente colou um Post-it no espelho da moça dizendo que “Desculpe-me, não posso mais. Por favor, não me odeie” [Antenção cavalheiros leitores: nem pensem em copiar a idéia!]. O livro, que leva o nome de um dos episódios do programa, foi escrito em parceria com Liz Tucillo, uma das redatoras – ela reage às conclusões de Greg, representando a ala feminina.
Segundo Liz, a pior maneira de um homem terminar um relacionamento com uma mulher está logo ali, no capítulo nove: dar uma de Arlindo Orlando, o lendário personagem daquela canção da banda Blitz – “sumir, desaparecer, escafeder-se.” Mas, ao contrário da canção, Greg não recomenda implorar para que “Arlindo Orlando, aquele caminhoneiro da pequena e pacata cidade de Miracema do Norte, volte para o seio de sua amada”. Para covardias do gênero, que ainda obriga a mulher a “enterrar o morto” sem corpo presente, o guru ensina: “Não perca tempo berrando com um elemento destes. Deixe esta tarefa para a mãe do rapaz. Você é muito ocupada para isso.” Ou seja, a saída é trocar o CD para a faixa que diz “Você não soube me amar” e procurar alguém que saiba.
Greg afirma que um homem deixa claro que não está aí para a mulher quando ele não lhe chama para sair, quando sai mas não faz questão em ser seu namorado, quando não telefona, quando não tem interesse em transar com ela, quando transa com outra, quando só quer vê-la quando está bêbado, quando diz que não quer casar, quando termina a relação, quando desaparece, quando é casado (com outra) ou indisponível de qualquer outra forma, quando é egoísta, grosso ou histérico. Simples, não?
Nem tanto. Mulheres, sempre incrédulas, têm desculpas para todos os atos de vandalismo citados acima. Isso fica claro com os exemplos citados do livro, no formato pergunta de mulheres, respostas de Greg. Os argumentos do autor, sempre no ponto, além de hilários, arrancam qualquer esperança romântica da mulherada. Mas será que Greg não está sendo radical? Qual mulher nunca pensou que “aquele melhor amigo nunca transou com ela para não estragar a amizade”? Greg responde: “homens não estão nem aí em estragar a amizade se tudo for acabar em sexo”. “E o recém-divorcidado, que frequenta os Alcólotras Anônimos para mudar a vida, liga o dia todo, mas não convida para sair? “Se ele não te convida para sair, continue amiga dele. Mas procure outro para casar”, recomenda. “E o que fazer com o indivíduo que é muito ocupado e ‘por isso não telefona’?”. No dicionário de Greg, “ocupado” ganha um novo significado: “crápula.” Ele lembra que não há nada mais gostoso para um homem do que ligar para a paixão de sua vida no meio de um dia caótico – seja a turbulência por causa do trabalho, por causa da doença da mãe ou por causa de troca-troca de aviões. Hoje em dia, até caminhoneiro de Miracema do Norte tem celular. E os que não têm, são bem-vindos a usufruir do orelhão.
Por sinal, a questão que encabeça a lista do “não-há-desculpas”, é o solene ato de pular a cerca. Greg lista as formas como um homem pode comunicar à sua namorada de que está insatisfeito com a relação [Cavalheiros, anotem, por gentileza]: telefonando, conversando pessoalmente, enviando um e-mail, fazendo uma canção ou até preparando um show de marionetes. “Note que a opção ‘dormir com outra’ não está na lista”, reforça ele, partindo do princípio de que a relação em questão é monogâmica.
A dupla divide o assunto em dezesseis capítulos – cada um dedicado às diversas atrocidades masculinas. Em todas as situações, conlcui-se que... “ele simplesmente não está tão a fim de você.” Ao fim de cada assunto, as leitoras têm a chance de testar se realmente aprenderam os ensinamentos do livro, fazendo exercícios, como a múltipla escolha citada acima. Resumindo: Greg quer que as mulheres entendam que elas são muito especiais, belas e talentosas para abrir qualquer espaço para camaradas com comportamentos duvidosos. Para ajudar, ele sugere uma lista de homens evitáveis – os que deixam as mulheres esperando ligação, os que as fazem sentirem-se sexualmente indesejadas, os que temem em falar sobre o futuro, os casados, os que bebem ou usam drogas de forma que as deixam desconfortáveis.
Ainda assim, a ficha de muitas donzelas ainda não caiu. Por isso, nosso herói conta a seguinte historinha: certa vez, ele paquerou uma bartender. Pediu o telefone da moça. Ela disse que não ia dar, pois os homens nuncam ligam. Mas ela revelou seu nome e sobrenome. Problema: o nome da maria-da-silva era tão comum, que Greg deparou-se com oito opções na lista telefônica. Mas ligou para todas até achar a sua. Moral da história: quando um homem quer, ele procura. Greg e Liz dedicam a obra literária a todas as mulheres que colaboraram com suas experiências neste livro. E acrescentam: “esperamos não ter de escrever outro”. Amém.
[ copyright © 2004 by Tania Menai ]
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