Todas as reportagens

Outras reportagens de: Dufry

- Passeio Vintage

No inverno com crianças - em Nova York
04.dezembro.2011


Tania Menai, de Nova York

A noite cai mais cedo, o termômetro marca zero e luzes nas árvores e vitrines enfeitadas anunciam a temporada: é inverno em Nova York. Com dias mais curtos, ruas mais cheias e ventos mais cruéis, há alguns segredos para navegar pela cidade de uma forma prazerosa; e quando há crianças na bagagem, o segredo numero um é programar-se diariamente. Batendo os dentes e congelando as orelhas, é quase impossível se plantar em uma calçada para resolver qual a próxima parada. O segundo segredo é se vestir com maestria: saber quando tirar e colocar um casaco, uma luva ou um gorro. Esqueça aquele casaquinho que você usou em Teresópolis ou Campos de Jordão. Estamos falando em “casacos de guerra”, para enfrentar dias de neve e ventanias. E, finalmente, o terceiro segredo é saber que esta é uma temporada agitada, onde tudo tende a lotar – então é prudente buscar opções que aceitam crianças com sorrisos, ainda que não totalmente infantis. Como mãe de uma bebê de um ano e quatro meses, e moradora da cidade há 16 anos, posso afirmar que poucos nova-iorquinos estão interessados em apertar bochechas. Aqui, não se toca em criança alheia e não se divide biscoito com o amiguinho. Por outro lado, é uma sociedade onde pai e mãe participam ativamente da vida dos filhos, então vê-se a família toda `a mesa e em todas as programações, sem a presença de babás. Viajar com “ajuda”, nem pensar.


A pedida prediletíssima dos locais é a patinação no gelo. Ninguém precisa ter um patim, basta alugar na hora – para adultos e crianças. As pistas mais populares ficam na parte sul do Central Park (entrando pela Quinta Avenida com a rua 59), no Bryant Park (que por sua vez antes do Natal tem lojinhas de artesanato em volta da pista), e no Rockefeller Center. Se o frio arrepiar os esqueletos, corra para o Chelsea Piers, um megacomplexo esportivo, que também tem uma pista de gelo. Uma vez por lá, vale checar uma parede de quase oito metros de altura que permite crianças aprenderem a escalar por meio de cordas e pedras (ok, de borracha!). Aulas acontecem terças, quartas e quintas `as 15h 40, $30 por criança.

O Metropolitam Museum é sempre uma boa pedida. Que tal levar folhas e lápis para as crianças copiarem as obras de arte? Ou então participar do MetKids, programação infantil, que ensina sobre arte de uma forma divertida? (basta olhar a programação da semana no Metmuseum.org). O Museu of Moving Image, recém-reformado é outra opção: lá, aprende-se sobre a história do cinema, com bastante interatividade, como dublagem e edição (sim, você pode dublar filmes e criar desenho animado!). Até o dia 16 de janeiro, o museu exibe os fantoches do Muppet Show, por exemplo. As livrarias também sempre dedicam um espaço para leitura infantil e brincadeiras – tente a megalivraria Barnes & Noble da Union Square (na rua 17), de TriBeCa, ou do Upper East Side. O Carnegie Hall, templo da música clássica, oferece shows para pais e filhos aos domingos (um deles acontece n dia 11 de dezembro `as 13 horas). Os músicos apresentam seus instrumentos `as crianças e ensinam melodias e a história da música. Mas crianças – comportadas – são bem vindas em qualquer performance, todas listadas online no cargeiehall.org. Outro show, tradicionalíssimo, que acontece no inverno são as Rockettes, no Radio City Music Hall. O show é voltado para o tema Natal, com bailarinas e Papai Noel. Quem prefere algo mais criativo, nunca perde a programação do The New Victory Theatre, que apresenta trupes inusitadas, sempre com toques educacionais. A Broadway também encanta, e oferece matinês `as quartas e domingos. Os musicais mais voltados para a família toda são o Lion King, Mary Poppins e Wicked. Uma vez por lá, o restaurante porção-família é o Carmine’s, onde um prato serve até seis famintos.

De todos os bairros de Manhattan, o Upper West Side é o favoritíssimo dos pais. Ele aglomera restaurantes que tendem a respeitar crianças, além de atrativos imbatíveis. A começar pelo Museu de História Natural, o mais apropriado para toda a família. Dinossauros, borboletas, chimpanzés, esquimós: vê-se de tudo, até vestimentas de índios brasileiros. O museu é grande o suficiente para um dia de visita, incluindo o IMAX, um cinema de tela imensa que sempre vale uma visita. Outro museu menor, e bem perto dali, é o Children’s Museum of Manhattan, que oferece atividades interativas para crianças de um ano e meio a 10 anos anos. Logo em frente, fica o Café Lalo, que serve doces, sorvetes e tudo que a meninada adora – basta ter paciência de esperar na fila.

Outra opção por ali é o restaurante “Good Enough to Eat”, outra dica de locais, que oferece sanduíches estilo fazenda-da-vovó, e frango a milanesa e panquecas no menu infantil. Se a fila aqui também estiver demorada, há sempre o Le Pain Quotidien, cadeia belga de comida de qualidade ímpar, espalhada pela cidade. Uma delas, bem perto. Aproveitando o embalo, algumas quadras acima fica a West Side Kids é uma loja a ser visitada: aqui, se acha brinquedos educativos e de madeira, jogos e apetrechos charmosos como aparadores de livros para quartos infantis. Outra loja, de roupa, imperdível no bairro é a Gymboree – charmosíssima, vale sempre a pena olhar as araras em liquidação.O Upper West Side ainda esconde outras boas pedidas. Uma delas é a Magnolia Bakery, uma loja de muffins e bolinhos, tudo feito na sua frente – o pudim de banana é capaz de fazer qualquer um perder a passagem de volta. Para uma refeição mais adulta e comportada, o Kefi, restaurante grego, é ideal. Além de espaçoso, bem decorado e delicioso, eles oferecem um menu infantil, que inclui sanduíches com pão árabe. E ainda há o Lincoln Center, que nesta temporada exibe o Nutcracker (Quebra Nozes), um balé todo voltado para o mundo infantil.

O Brooklyn é um achado para quem tem crianças. Inclusive, é para lá que grande parte dos nova-iorquinos mudam-se quando a família cresce. Os restaurantes são mais espaçosos e mais ‘kids-friendly’. Um deles é o Bubby’s que fica em DUMBO, com uma vista estonteante para o East River, Brooklyn Bridge e Manhattan. O programa pode melhorar ainda mais com uma caminhada até o recém-inaugurado carrossel, no Brooklyn Bridge Park – um passeio que deslumbra qualquer adulto. Para quem prefere escapar da “brisa” da rua, uma das pérolas escondida do turista tradicional é o centenário –porém moderníssimo - Brooklyn Children’s Museum. O espaço é incrível e a programação intensa, com áreas dividas por idade. Mesmo bebês de um ao e meio tem vez por lá. Na biblioteca acontecem lançamentos de livros, muitas vezes acompanhados por peças infantis no teatro. O ingresso é apenas 7.50 dólares, e entrada gratuita aos domingos `a tarde. A região onde o museu fica não é digna de um passeio a pé, mas cinco minutos de táxi, fica o imponente Brooklyn Museum, que guarda obras de arte que vão de Picasso a Renoir. Quem preferir a gastronomia, siga para Park Slope, onde encontra-se restaurantes kids-friendly como Sweet Melissa, Juventino ou Fonda. Não há como errar.

Como se vestir:

• O importante é sempre se vestir em camadas:
• uma camiseta de algodão de manga comprida, uma suéter de lã e um casacão.
• Uma meia-calça (não precisa ser de lã, porque tende a pinicar), uma meia e uma calça (pode ser jeans).
• Sapato fechado, tênis ou bota impermeável para os dias de neve.
• Gorro de lã, que cubra as orelhas. Cachecol de lã. Luvas de lã. Procure “100% wool” nas etiquetas.

Modo de usar:

Existe uma maneira clara em se vestir dentro ou fora de estabelecimentos. Sim, o que mais incomoda no inverno é o tira-e-bota. Mas quem sabe fazê-lo com maestria, sofre menos.

• Vista o casacão, luvas, gorro e cachecol somente ao sair pela porta. Use na rua. Quando entrar em uma loja, restaurante, hotel, ou qualquer lugar fechado, tire-os imediatamente. Faça disto um hábito.

Mãe é mãe:

Algumas mães brasileiras, que cresceram com mar e água-de-côco o ano inteiro, e que moram há anos em Nova York, aprenderam a se desdobrar para ocupar os filhos por 5 meses seguidos de frio. Eis as dicas das sobreviventes:

Andréa Messer, mãe de Karen, 5 anos e Sara, um ano e meio. Levamos a Karen pelo menos duas vezes no "The Little Orchestra Society" do Lincoln Center. Ela adora escorregar de trenó quando neva, no Central Park. Também adora patinar no gelo: a pista do Central Park que fica mais ao norte, quase na altura do Harlem, fica mais vazia e oferece aulas para crianças por um preço ótimo. Há estações de esqui perto da cidade: a melhor é Tandridge, que dá para ir e voltar no mesmo dia. Também adoramos as vitrines de lojas de departamento, como a Sacks e Bergdorf Goodman, que nesta época do ano, sempre encantam as crianças.

Cecília de Freitas, mãe de Vitória, de 7, e Natalia 5. Adoramos a programação do New Victory Theatre – eles só apresentam peças criativas. Adoramos o Jewish Museum, que fica na Quinta Avenida, perto do Central Park. Não perdemos o dia em que a árvore de Natal do Lincoln Center é acesa, assim como o Apple Circus, que abre a temporada no inverno no próprio Linclon Center. Uma loja que vale a pena é a Playing Mantis, em TriBeCa – tudo é de madeira, um verdadeiro sonho.

Adriana Leme Lopes, mãe de Eduardo, de 8, e Isabela de 4 anos. A escola do meu filho os levam no Chelsea Piers para patinar no gelo, no Transit Museum, que ensina sobre a história dos metros e transportes e no MoMA. Outra opção legal é boliche. Adoramos o Melody Lanes e Brooklyn Boulders. Quando neva, eles gostam de usar o trenó e patinação no gelo no Prospect Park,e esquiar no Windham Mountain, Belleayere Mountaine Mohonk Preserve.

# # #


[ copyright © 2004 by Tania Menai ]

---

voltar