Christopher Reeve
01.julho.2003
Será que ele volta a andar?
Tania Menai, de Nova York
Susan Howley, Vice Presidente Executiva e Diretora de Pesquisas da Christopher Reeve Paralysis Foundation, diz que estamos vivendo em uma era muito animadora em termos de pesquisas de medula espinhal. “É muito difícil prever o tempo em que chegaremos lá e todos concordam não haverá uma pílula mágica única para a cura. Tampouco nenhum remédio o qual daremos aos pacientes e para curá-los da paralisia e demais disfunções”, diz Susan. Ela conta que a promessa esta nos tratamentos e terapias, principalmente nos chamados “Exercícios Padronizados”, praticados por Reeve. A expectativa é de que seremos capazes de limitar o estrago na fase inicial da paralisia – o que é mais facil de fazer do que reverter o problema num estagio mais avançado. Estes são os esforços dos pesquisadores internacionais, especialmente nas áreas de controle da bexiga, funções sexuais, respiração e reflexos de tosse e de dor. “Alguns pacientes convivem com dores crônicas. Essas são as áreas que acreditamos ter progresso”, diz Susan.
No caso de Christopher Reeve, as funções sensitivas apresentaram maior recuperação do que as motoras. “Não sabemos o porquê, mas os exercícios e tratamento são hipóteses”, afirma Susan. O ator e diretor matem a agenda lotada – semanalmente, ele dá palestras, cuida de assuntos da fundação, participa da vida de sua esposa e três filhos, viaja, acaba de lançar seu segundo livro e dirigir um filme para a TV americana. Tudo isso, em meio a fisioterapia e exames. Entre uma tarefa e outra, Christopher Reeve conversou, por e-mail, com a SUPER.
Como foram os seus primeiros dias depois do acidente?
Quando me feri em maio de 1995, um neurocirurgião teve que, literalmente, reconectar a base do meu crânio à minha espinha. Disseram-me que eu teria apenas 50% de chances de sobrevier à operação. Depois que me recuperei daquela cirurgia extraordinária, ainda recebi a notícia de que, além de nunca mais caminhar, eu jamais faria um movimento sequer do ombro para baixo.
Mesmo assim, a sua recuperação tem superado as expectativas, certo?
Tive sorte de exercitar-me na época em que passei no centro de reabilitação - e continuar me exercitando depois de que voltei para casa. Tenho conseguido manter a massa muscular de quase todo meu corpo, especialmente pernas, braços e abdômen.
Como?
Isso é feito por meio dos eléctrodes, localizados em músculos específicos, que se contraem aos serem estimulados. Também me exercito três vezes por semana numa bicicleta especial, na qual posso pedalar quando meus músculos são estimulados. Normalmente, pedalo oito milhas em 45 minutos. Ainda vou à piscina uma vez por semana, quando encontro tempo dentre as diversas atividades. Para mim, esta é a experiencia mais satisfatória. Adoro a sensação de fluturar, sou capaz de abrir e fechar meus braços, dar pequenos de chutes e dar empurrões contra beira da piscina, como fazem os nadadores antes de darem braçadas.
Mas isso não aconteceu de uma hora para outra...
A habilidade de fazer estes movimentos veio com o tempo. No começo, os exercícios simplesmente me faziam sentir melhor e ajudavam a evitar complicações como ma coagulação de sangue e rachamentos da pele. De repente, em setembro de 2001, descobri que podia mover o meu dedo mindinho da mão esquerda, sob o meu comando. O movimento aconteceu inesperadamente - mas me motivou a descobrir sobre outras capacidades. É esta a filosofia que me guia hoje.
Como o senhor e a sua esposa, Dana, estão envolvidos na Fundação de Paralisia Christopher Reeve?
Dana e eu estamos envolvidos em vários aspectos da Fundação. Temos 43 pessoas trabalhando em Nova York, New Jersey e Washington DC. Além do nosso foco em identificar e financiar os melhores pesquisadores dos Estados Unidos e de outros países, temos interesse em melhorar a qualidade da reabilitação de pacientes de paralisia. Ainda usamos grande parte do dinheiro que recebemos para ajudar a estas pessoas a terem acesso à recreação, trabalho, enfermagem e muito mais. Há dez anos, nenhum de nós pensávamos que estaríamos fazendo este trabalho. Mas ele nos faz nos sentir melhor sobre a nossa própria situação, sabendo que estamos fazendo o melhor para ajudar aos outros.
EXERCÍCIOS DE SUPER-HOMEM
A rotina de Christopher Reeve
1. Estimulação Elétrica Funcional (FES) - Reeve exercita-se em média três horas por semana com a bicicleta. Quando uma pessoa saudável anda de bicicleta, a mente emite mensagens elétricas da medula espinha dorsal para os pés. Isso não acontece quando há um trauma raqui-medular. É aí que entra o FES, um computador que envia mensagens para as pernas, parecido com que o cérebro faz. Isso faz com que as células da medula espinhal se lembrem da conexão com a perna, trazendo benefícios normais das atividades físicas. O FES também trabalha outras partes do corpo.
2. Hidroterapia: Feita por Reeve na água uma vez por semana durante duas horas. O efeito da gravidade é reduzido drasticamente embaixo d’água. Numa piscina, pequenos movimentos podem ser facilmente detectados por fisioterapeutas, que podem testar também a capacidade máxima de cada paciente. A água ainda é excelente para os que estão recuperando movimentos perdidos.
3. Densitometria óssea – Pacientes com trauma raqui-medular não costumam usar braços e pernas, então seus ossos tendem a enfraquecer e desenvolver osteoporose. Reeve tem sido examinado pela Divisão de Doenças Ósseas na Universidade de Washington – com exercícios e medicamentos ele se recuperou da osteoporose e hoje tem uma densidade óssea normal.
•Note que os exercícios são preparados individualmente para cada paciente.
•Fonte Dr. John McDonald – um dos médicos de Reeve - Washington University
[ copyright © 2004 by Tania Menai ]
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