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África perde professores para a AIDS
16.agosto.2000

Por Tania Menai, Nova York

As crianças da área rural da Costa do Marfim, no oeste africano, estão preparadas para voltar às aulas em setembro - depois de passar as "férias" trabalhando em campos de agricultura. No entanto, muitas escolas estarão fechadas. Razão? Falta de professores.

Numa delas, não se contrata um professor desde 1997, quando um deles morreu de AIDS. A doença, que se prolifera pelo continente na velocidade da luz, está apagando a já escassa classe de tutores e comprometendo ainda mais o precário sistema educacional da região.

Um estudo feito em 1998 pelo governo do país indica que a AIDS mata seis professores a cada semana. E tudo indica que, desde então, os números de óbitos vêm aumentando. O problema é enfrentado não só pela Costa do Marfim, uma nação de 15 milhões de habitantes, mas em quase toda a África. Crianças de diferentes idades estão sendo colocadas nas mesmas classes por falta de gente para ensinar diversas séries. O que se vê são turmas abarrotadas ou escolas fechadas.

Em solo africano, a maior parte dos professores são homens - especialmente em países muçulmanos, eles são os que costumam ir um pouco mais além do ensino primário. Ainda jovens e solteiros, eles se deslocam para as regiões rurais para trabalhar em escolas. Lá, acabam se envolvendo sexualmente com as meninas locais. Resultado: como ninguém é educado sobre AIDS e muito menos usa preservativos, voilà, está plantada a semente da tragédia.

No sul do continente a história não é mais feliz. A Zâmbia perdeu 1.300 professores nos 10 primeiros meses de 1998, ou 2/3 dos professores treinados no país e o dobro dos óbitos de 1997. Segundo Dr. Peter Piot, diretor executivo da UNAIDS (Programa Conjunto das Nações Unidas para HIV/AIDS), hoje a doença é a pior ameaça à educação global. Ele ressalta que não há nada que destrua sistematicamente e com tanta intensidade o investimento em recursos humanos, saúde e bem-estar das nações.


[ copyright © 2004 by Tania Menai ]

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