Campanha divulga pílula do aborto nos EUA
24.maio.2001
Por Tania Menai, de Nova York
A partir de julho, as revistas americanas estamparão suas páginas com a primeira campanha publicitária já feita nos Estados Unidos sobre um assunto que promete fazer barulho: a pílula do aborto. A Federação Nacional do Aborto, sediada em Washington, está desembolsando dois milhões de dólares para veicular a campanha. A mensagem "Você tem liberdade de escolha. E agora também dispõe de uma opção segura de aborto" vai aparecer em revistas como Cosmopolitan, People, InStyle, Jane, Mademoiselle, Glamour, Fitness, Health, Self, First for Women, Essence e Vanity Fair. A revista Redbook, da editora Hearst, recusou a veiculação da campanha.
A pílula em questão chama-se mifepristone ou Mifeprex, para efeitos comerciais. A campanha publicitária não entra em detalhes tampouco descreve os efeitos colaterais da droga - apenas divulga um telefone grátis para as leitoras interessadas. Mifeprex é recomendado como parte de um tratamento supervisionado que inclui pelo menos três visitas ao médico, a ingestão de uma segunda droga, chamada misoprostal, e não deve ser usada isoladamente. Além disso, o tratamento deve ser previamente aprovado e só é eficiente para mulheres grávidas não mais de sete semanas.
Entre julho e novembro, período em que a campanha será veiculada, a federação espera alcançar 74% das mulheres entre 18 e 49 anos. Desde que foi liberada, em novembro passado, as vendas da droga não estouraram nenhuma expectativa, mas médicos dizem que o uso está crescendo gradualmente. Em Nova York, uma organização de planejamento familiar realizou 658 abortos desde dezembro usando a pílula e gastou 50 mil dólares para divulgá-la nos metrôs da cidade. Mas o caminho ainda parece ser árduo: apenas quatro estados americanos legalizaram o remédio em seus sistemas de saúde - ou seja, no resto do país os gastos com Mifeprex tem de sair do bolso da usuária.
[ copyright © 2004 by Tania Menai ]
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