Por Tania Menai, de Nova York

O crescimento meteórico da população hispana dos Estados Unidos já não passa desapercebida pela mídia. Jornais, revistas e programas de televisão norte-americanos estão cada vez mais de olho nos hábitos e gostos desta comunidade. Os descendentes de imigrantes e os recém chegados de países hispanos já somam 39 milhões de pessoas, superando os negros e formando o maior grupo étnico dos Estados Unidos depois dos brancos. A comunidade latina ainda é a que mais cresce, totalizando hoje 13% da população americana.

Uma das maneiras de acompanhar o fenômeno é voltar-se para esta população: mídia infantil - ou seja, falar com as crianças nascida nos EUA e que dominam a língua inglesa tão bem quanto a espanhola. Nestes moldes, foi criado o desenho animado "As desventuras de Maya e Miguel", que estreia nos Estados Unidos no segundo semestre deste ano. O programa irá ao ar diariamente, totalizando 65 horas de animação.

Maya e Miguel são dois irmãos gêmeos, de origem hispano-americana e cabelos castanhos. Segundo Deborah Fortes, presidente da Scholastics, a intenção do programa é fazer com que as crianças hispanas se identifiquem com os personagem e as crianças brancas participem da diversidade cultural que há no país. "Notamos que as culturas hispanas dão muito mais importância à família do que os norte-americanos. Isso será algo relevante nas séries de Maya e Miguel, que, além de tudo, contará com bastante humor", diz ela.

Um dos objetivos do programa ainda é diminuir a disparidade que ainda existe entre os estudantes latinos - que muitas vezes têm rendimentos baixo na escola por causa do idioma - e os norte-americanos. Deborah acredita que Maya e Miguel não poderia vir em melhor hora para ajudar a solucionar este problema, que afeta todos os estados do país.

Produzido pela empresa de educação Scholastic Entretainment, a mais bem sucedida na área infanto-juvenil, e televisionado pelo canal público PBS, que vai ao ar via 350 canais do país, a equipe do programa é uma mistura de diversas nacionalidades. Os produtores e criadores contam com a assessoria de uma acadêmica em cultura hispana, os escritores foram escolhidos a dedo, assim como o diretor de arte de animação, um holandês, que de hispano não tem nada.

O projeto ainda entrará para a história como a maior colaboração financeira que a televisão pública já recebeu para elaborar um só programa - somam-se 14 milhões de dólares vindos de fontes como a Coporação para Transmissão Pública (CPB) e de um fundo da PBS para mídia interativa infantil vindo do Departamento de Educação dos EUA. Maya e Miguel ainda terá um site e será reproduzido em livros e outras mídias. Um investimento que, certamente, terá retorno.

Para saber mais: www.pbskids.org e www.scholastic.com.

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