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Amigo da Amiga...
15.março.2007


Há dez anos,em Boston,Henrique conheceu Daniela, que é amiga de infância de Maria Fernanda, que faz meditação com Ademar

Por Tania Menai, de Londres

HENRIQUE É....

No escritório onde Henrique trabalha, em Londres, não tem aparelho de telefone. Em seu primeiro dia na empresa, em junho passado, deram-lhe um laptop e disseram “procure uma mesa, e mãos à obra”. Mineiro, 33 anos, casado com Priscila, Henrique é uma das cabeças da Skype, a start-up de Internet que tem crescido meteoricamente e deixando o mercado de telecomunicações de cabeça para baixo, permitindo com que um usuário do Cazaquistão fale (e veja) gratuitamente com alguém em Pindamonhangaba via computador. Trata-se do começo fim do telefone e o começo da era Jetsons. “As decisões são tomadas e postas em prática com muita rapidez”, diz Henrique, que antes de se mudar para Londres, viveu por mais de nove anos em Boston, onde fez mestrado em comunicação social aliado à tecnologia, e ainda criou grandes campanhas em agências publicitárias.Apaixonado por fotografia (foi ele quem clicou a Daniela aí na página ao lado), Henrique também já não vive mais sem fuxicar o YouTube: sempre presenteia os amigos com seus achados virtuais. Mas não o convide para uma balada até o dia amanhecer. É justamente nesta hora que ele e Priscila saem de casa para exercitar yoga ashtanga: “tem gente que leva dias, meses ou até anos para desenvolver um único movimento. E há quem nunca consegue”. Voilà o extremo oposto do ritmo Skype de viver.

...AMIGO DA DANIELA...

Num dia, a Daniela senta à mesa com a princesa Anne. Noutro, encontara-se com o ex-líder de alguma gangue londrina. À noite, janta com os diretores de grandes fundos de investimento da Inglaterra. Aos 36 anos, Daniela é CEO da Impetus, uma organização que assessora e acompanha projetos sociais em Londres.Daniela, que estudou MBA na Universidade de Harvard, em Boston, enveredou primeiramente para a carreira em banco. “Foi a meditação me motivou mudar de carreira; ao meditar, voltei aos meus valores”, diz ela em seu terraço, onde acontecem churrascos vegetarianos, freqüentados pelo vizinho Henrique. Daniela, que viaja à Índia anualmente, ajudou a reestruturar a organização Save the Children, em Londres, ganhando reconhecimento no setor. “Temos mais de 80 voluntários – de jornalistas a contadores – que doam suas habilidades profissionais para projetos que envolvem de presidiários a deficientes físicos e mentais”.Daniela deixa a cama diariamente às quatro da matina. Medita por uma hora, cozinha , vai para aula de meditação, e às oito e meia está no escritório. Ainda tem energia para correr em seu canto predileto: o Primrose Park, onde há uma casa de sucos centenária. “Antigamente, aquele era o armazém de frutas para o zoológico do Regent Park”, conta. “As bananas dos macacos ficavam no sótão, com uma luz especial para amadurecerem mais rápido”. Faz sentido. Se dependesse do sol de Londres, os macacos ficariam sem banana.

...QUE É AMIGA DE INFÂNCIA DA MARIA FERNANDA...

Quando pequena, Maria Fernanda teve de assinar um termo de compromisso no colégio paulistano São Luiz: não fazer bagunça. Hoje, aos 35 anos, nada mudou. Mas ela se transforma ao pousar os olhos sobre o microscópio. Fernanda é patologista da Santa Casa, onde assina a biópsia de pacientes de câncer – inclusive durante as cirurgias. “O patologista é o médico que você deveria conhecer, mas não conhece”, diz ela. “Ninguém tira o órgão de ninguém sem o resultado assinado por este profissional”. Mesmo sem conhecê-la, os pacientes de Fernanda estão em boas mãos: ela tem mestrado e residência na Santa Casa, estágio na Universidade de Michigan na especialidade de tecidos moles e osso, e agora termina seu PhD na USP – parte dele feito no National Orthopedic Hospital, em Londres. “Ás vezes temos biópsias de trinta Marias Aparecidas por dia”. Filha de médico, já falecido, ela sabe o que faz: “se estou segura de que o resultado é câncer, dou uma notícia que irá ajudar o paciente- hoje a doença é tratável, por mais difícil que seja” Fernanda, que dá aula na Santa Casa, ainda faz autópsias – chegam para ela corpos de pessoas que morreram de morte morrida, nada de acidentes ou assassinatos. “Alguns dos alunos que me acompanham, choram- não é nada fácil”. Por outro lado, eles dão boas risadas ao ver Fernanda chegando na faculdade, de capacete, sobre sua moto de 600 cilindradas. “Moto nos dá liberdade, dentro do capacete faz silêncio – isso é ótimo para quem faz meditação, como eu”, diz ela que deu uma moto para a mãe, que tirou habilitação aos 58 anos. .

...QUE MEDITA COM O ADEMAR

Ademar Bueno, 37 anos, vive na capital paulista, mas procura levar uma vida de interior. Tranqüilo e – sim, ele também – adepto da meditação, escolheu o bairro de Higienópolis para criar
sua rotina: casa, trabalho, academia, mestrado, cinema e teatro. Tudo a pé: um luxo maior do que ter carro de luxo. “Não sei o que é congestionamento”, orgulha-se ele, que almoça em casa todos os dias. Sua carreira não é menos luxuosa: ele dirige a Neurônio Consultoria, uma organização criada em 2003 para incentivar a responsabilidade social nos jovens e em empresas. Só no ano passado, mais de 5000 estudantes foram mobilizados. Em um de seus projetos, o Jogo
Cidadania, alunos participam de um concurso no qual devem criar regras de responsabilidade social para empresas. Com isso, a molecada é exposta a valores como empreendedorismo social, direitos humanos e até branding. A Neurônio ainda promove o Prêmio Ethos-Valor, um
casamento entre o Instituto Ethos e o jornal Valor Econômico concedido a professores e alunos que realizam projetos nessa área. Uma das idéias mais curiosas da Neurônio é o Trote Cidadania,
que propõe tornar mais calminhos os trotes a calouros universitários. Um desafio, já que há inúmeros registros de brincadeiras que acabam em morte. Ademar quer, literalmente, desacelerar os neurônios da moçada. Será?

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[ copyright © 2004 by Tania Menai ]

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