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Segura o bebê
10.junho.2007

Pais americanos interagem muito mais com seus
filhos do que os brasileiros. Babá só em último caso"

Tania Menai, de Nova York

Domingo no Riverside Park, um parque lindo no Upper West Side. Um amigo carioca que mora ali, empurrava sua filha de três anos no balanço. Ao redor, crianças e pais. Aliás, mais pais do que mães. E nenhuma babá. E este foi nosso papo: o excesso de babás no Brasil. Herança clara da casa grande e senzala.

Meu pai diz que para enxergarmos melhor nossas situações precisamos vê-las de fora para dentro. Pois daqui, olhamos o Brasil de fora. E a questão babá é papo de todas as rodas, principlamente quando surgiu uma palavra surrealmente nova: folguista. What? Não suficiente em deixar as crianças com babás a semana toda, os pais ainda colocam alguém entre eles e os filhos, mesmo estando em casa? Segundo meu pai, as famílias brasileiras estão terceirizando a educação. Concordo. No Brasil, é comum ver pais, filhos, avós e...as babás.

Pergunta: para quê cinco adultos para cuidar de uma ou duas crianças? Resposta: “ah, para podermos conversar”. Oras, se há dois, três, quatro adultos, não pode haver revezamento? Ao brincar, alimentar, dar banho e até ao trocar fralda, rola uma interação e educação sem preço. Sem isso, todos perdem.

Naquele domingo, antes de ir ao parque, tomamos brunch no Popover Café: meu amigo, sua esposa, a filha, e o bebê, de três meses. Em nenhuma mesa havia babás. A presença de uma babá só é requisitada na ausência dos pais. Com isso, as crianças daqui aprendem a se comportar em lugares públicos, sabem arrumar a cama, amarrar o sapato, tirar o prato da mesa. Nada disso é visto como castigo. Neste contexto, o argumento “babá é tão barata no Brasil que vale a pena” é balela.

Numa palestra que o Júnior, líder do AffroRegae, fez em Nova York, alguém perguntou o que se poderia fazer para melhorar a situação da violência no Brasil. Ele disse: “não tire as mães das favelas à toa. Pague a elas salários melhores para que elas possam cuidar mais de seus próprios filhos”. O mesmo vale para as mães do asfalto.

Endereços -
Riverside Park – ônibus M5 ou Linhas 1, 2 e 3 do metrô, entre as estações 72 e 116.
Popover Café – Rua 87 com Avenida Amsterdam. Tel. (212) 595-8555 www.popovercafe.com

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[ copyright © 2004 by Tania Menai ]

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