Programa turístico em Nova York: dizer sim
01.junho.2008
Tania Menai
Poucas vezes ganhei rifas ou sorteios. Pensando bem, apenas uma vez: foi no casamento civil dos meus amigos Juliana e Ivan, na prefeitura de Nova York. Era uma manhã de sexta-feir. Ainda assim, eles chamaram tantos amigos que na hora ficou difícil de escolher quem seria a testemunha. Voilà, meu nome saiu da cartola. Foi uma honra. A cerimônia em si dura dois minutos - a coisa é rápida e indolor. Afinal, o juíz nunca te viu, não tem o que dizer e te trata que nem cliente na fila do Starbucks, já querendo atender o próximo casal. A fila, sim, é coisa demorada. Mas se você tiver algum interesse em antropologia, seja bem-vindo. Tem coreana casando com senegalês, esquimó com argentina, japonês com italiana e até paulistano com paulistana, que era o caso dos meus amigos. Naquela manhã, um dos noivos vestia fantasia de anjinho, com direito a asinhas de algodão e auréola sobre cabeça (caso você esteja em dúvida: não era Halloween).
A vantagem de casar em Nova York é que a sua união não é considerada, digamos, brega, como os casamentos de Las Vegas. Aqui você não corre o risco de esbarrar com o Elvis Presley no cartório, tampouco ver o seu marido correr sozinho para o cassino a fim de comemorar seus novo estado civil. E tem mais: a lei nova-iorquina exige que você preencha a papelada num dia e se case, no mínimo, 24 horas depois. Isso evita casamentos por impulso estilo Britney Spears, que apareceu bêbada de madrugada numa capela de Las Vegas e se divorciou no dia seguinte. Estas 24 horas de diferença, são essencias para elimiar o teor alcoólico do sangue dos pombinhos (caso eles não sejam alcoólotras, claro).
Também há registros de turistas estrangeiros que dão uma fugida da família para casar em Nova York. Tanto, que certa vez o New York Times incluiu estes casamentos na seção de viagem, dando dicas sobre os procedimentos (como as taxas de 35 dólares do primeiro dia e 25 dólares no segundo – infinitamente mais barato do que aquela festa de 70 mil reais) e o que fazer na cidade nas horas pré e pós-casório. As opções são tantas, que o perigo é se esbaldar nos parques, teatros e afins, e simplesmente se esquecer de passar no cartório no dia seguinte para finalizar o processo.
* Juliana e Ivan viveram felizes para sempre, e hoje são pais dos gêmeos Theo e Lara.
[ copyright © 2004 by Tania Menai ]
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