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Viajar é uma arte
01.outubro.2008


Tania Menai, de Nova York

Embarco hoje para a Europa, onde tenho dois casamentos e, espero, nenhum funeral. E isso me faz pensar sobre o quanto uma pausa na rotina é necessária em nossas vidas. Jamais um luxo. Uma viagem, perto ou longe, tem o poder de te tirar do chão. E isso é ótimo. Porém, existem várias maneiras de viajar, e a forma como cada um viaja revela um pouco de sua personalidade.

Conheço gente que não viaja. Conheço outros que só viajam. Uns chegam no destino e não param de comparar a cidade em questão com a cidade natal (ou seja, viajam fisicamente, mas não mentalmente). Tem aqueles que apelam para ônibus de excursão (conheço um casal mais velho que faz isso). E tem os que, na minha opinião, são profissas no assunto. Sabem viajar. E saber viajar é como saber cozinhar, saber costurar, saber pintar. É uma habilidade, uma arte.

Em primeiro lugar, a mala deve ser a menor possível. Você precisa de muito menos coisas que imagina. Lembre-se também que não se pode ir no espírito eterno da comparação. Cada cultura é uma cultura. Leia bastante antes de embarcar. Minhas viagens, por exemplo, começam no chão da livraria Barnes & Noble. Sento lá, e fico horas – sempre compro o guia The Rough Guide. Escrito por ingleses, os caras não erram e te dão dicas reais, em vez de recomendar subidas no topo de igreja ou de estátua.

É importantíssimo deixar hotéis reservados, para economizar e não fica na roubada numa noite de nevasca. Ou em qualquer outra. O mesmo vale para restaurantes nos quais você sabe que quer jantar. Reserve de casa. Melhor ainda: descubra restaurantes locais, autênticos, e não apenas os “badalados” ou turísticos. Você poderá se surpreender.

Ande pelas ruas, converse com as pessoas, visite museus (e não apenas as lojinhas deles). Estude inglês. Espanhol também ajuda. E se você falar francês, sua viagem às colônias francesas, como Marrocos, serão 80% mais ricas – em ver de apenas ver, você poderá absorver a cultura local.

Ao voltar da França para o Brasil, recentemente, meu pai testemunhou três mulheres brasileiras no avião, empetacadas com roupas e bolsas de marcas caríssimas. Mas elas não sabiam responder o básico de inglês quando abordadas pelo comissário. Há coisa mais cafona e triste? Talvez uma bolsa daquelas pagasse um curso anual de inglês. Mas ter a mentalidade de um viajante de verdade...isso é impagável.

Vai lá – www.roughguides.com


[ copyright © 2004 by Tania Menai ]

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