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Homens de Avental
02.dezembro.2008

Tania Menai

O primeiro livro que escrevi, “Nova York do Oiapoque ao Chuí – Relatos de brasileiros na cidade que nunca dorme”, traz um belíssimo depoimento da rabina paulistana Luciana Pajecki Lederman. Eis aqui o trecho que importa hoje: “Quando recebo os amigos às sexta-feiras para o jantar, cozinho e o Alon lava a louça. E isso é normal. Meus amigos casados, de Nova York, não acham nada demais. Mas toda vez em que amigas que vivem no Brasil vêm me visitar, ou elas entram na cozinha e dizem para o Alon: “não se preocupe, deixa que depois eu termino isso com a Lu”. Ou então elas praise o Alon, dizem “nossa como ele é o máximo”. Colocam meu marido no pedestal.”

Leitoras: é preciso colocar um homem no pedestal só porque o cara levantou o bum-bum da cadeira e foi lavar a louça de sua próprica casa? Por que ainda há mulheres que acham isso coisa de outro mundo? Este é um dos aspectos que dividem os homens que moram nos EUA (incluindo os brasileiros) e os homens que vivem no Brasil - e, acredito, na América do Sul inteirinha. Claro que há excessões, mas estamos falando de um comportamento geral.

Aqui nos EUA e na Europa, meus amigos homens lavam, colocam a roupa na lavanderia, ajudam nas compras, revezam na faxina, cozinham, trocam a fralda dos filhos e levam a meninada para festas infantis (e ficam nelas). Há, inclusive, uma empresa americana chamada “Rent a Husband” (Alugue um Marido), que oferece serviços de marcenaria, encanamento e concertos domésticos. Ou seja, o nome já indica que aqui marido também serve para isso. Outro dia, uma amiga que mora no Rio disse que trocaria sua empregada e babá por um marido mais presente. Ora, quem não trocaria? Não é porque se paga salários baixos para serviços domésticos no Brasil que se justifica ter um quartel delas em casa.

O fato é que as próprias mulheres latinas criam os filhos desta forma. De que adianta uma esposa reclamar que o marido não faz nada, se ela coloca uma arrumadeira para catar as meias atrás de seus filhos? Isso só perpetua este comportamento arcaico e torna essa criança em mais marido desleixado. Não estou falando em homens robôs, e sei que todo mundo chega exausto do trabalho. Mas se tarefas caseiras fossem automáticas, como são nos EUA, a vida de todo mundo seria mais fácil. E não haveria mais gente achando “o máximo” pais que trocam as fraldas dos próprios filhos ou tiram a mesa depois de comer. Deixemos o pedestal para outros assuntos.

Vai lá - www.goodhousekeeping.com/home/


[ copyright © 2004 by Tania Menai ]

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