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Menino dos olhos...
02.maio.2011

Tania Menai, de Nova York

Menino lindo e simples, de Ubá, cidade de 100 mil habitantes, no interior de Minas Gerais. Menino que viveu parte da infância no sitio do avô, com pés descalços e de bermudas. Menino que brincava de brigar com o irmão, um ano mais velho. `As vezes, brigava de verdade, mas com categoria: gostava de capoeira e de jiu-jitsu. Menino que morava com a mãe, mas que puxou os olhos verdes do pai. Menino que até os quinze anos nunca tinha viajado mais do que 50 quilômetros fora de sua cidade. Foi um bebê gordinho, mas logo minguou ao apaixonar-se por esportes. Corrida, futebol, ginástica, exercício matinal não pode lhe faltar. Diz-se que fez sua mãe sofrer no parto; seus ombros eram muitos largos – e ainda são. Estes ombros hoje, 26 anos mais tarde, compõe um corpo de 1,85 metro de altura e 81 quilos que poderia facilmente ter sido esculpido por Michelangelo. É perfeito. No entanto, “beleza não é tudo”, acredita este lindo menino, que fez dela, a sua beleza, a sua carreira.

Cabelos lisos e bem cortados escondidos em um boné preto com o símbolo do time de beisebol New York Yankees, Evandro Soldati, o tal menino de Ubá, apareceu para conversar com a TPM, na pizzaria Pulino’s no East Village, em Manhattan. Camisa xadrez, calça jeans, tênis, colar e anéis de prata da Tailândia e um largo sorriso. Pediu um café, em caneca, estilo americano. Evandro, hoje um dos modelos brasileiros mais bem sucedidos no mercado internacional, conta com prazer de sua infância e demonstra deslumbramento zero ao relatar a vida que leva hoje entre Europa e Nova York, cidade onde vive desde 2005. Alem de participar do videoclipe da canção “Alejandro”, de Lady Gaga, em 2010, Evandro figura nas capas de revistas européias como L’Uomo Vogue, fotografado por Steve Klein, seu mentor, Vanity Fair, por Mario Testino e Numéro Homme, por Liz Collins. Fez parte de campanhas de marcas como Louis Vuitton, Dolce & Gabana, Armani Jeans, e Benetton. Pisou em passarelas de Paris, Milão e Nova York. Por quase cinco anos namorou a modelo Yasmin Brunet, com quem passou a morar, em Manhattan, logo no terceiro mês de relacionamento. Hoje, recorda da ex-namorada com um belo sorriso. “Foi um aprendizado incrível, foi muito legal.”

Evandro acaba de se mudar para a casa de um primo mais velho, um cientista que vive em Manhattan. “É ótimo viver com alguém que te incentiva e te puxa para cima”, comemora o modelo, que adora ler. Aos 15 anos, ano em que ingressou pela primeira vez em uma escola particular, ele não tinha idéia do que faria da vida. Medicina, nutrição, economia, arquitetura passaram pela cabeça. Moda? Jamais. Um dia, um panfleto caiu em suas mãos, na escola, chamando alunos para testes de modelo. “Em Ubá!”, ele ri. Evandro confessa que sua beleza nunca chamou tanta atenção assim das menininhas nos pátios da vida. Porém, seus olhos verdes nunca passaram desapercebidos. Foi a mãe que lhe incentivou a fazer o teste; ela mesma enviou fotos do filho para a agência Ford. Evandro foi chamado para a seleção. Passou a primeira etapa, em Belo Horizonte, e aos 16 anos, mudou-se para São Paulo. “Começo de carreira não é fácil para ninguém”, diz ele. “Você está longe de casa, da família, sem afeto e sem alguém que cozinhe para você”.

Ele trabalhou em São Paulo por dois anos, mas conseguia apenas ganhava apenas pagar as contas. Quase desistiu, pensou em voltar para Ubá. Foi quando surgiu a oportunidade de ir para Nova York. O ano era 2005. Tirou um visto de turista com validade de 10 anos. Ele ficava três meses a cada visita `a cidade e sempre era chamado de volta. A primeira morada foi a casa de uma amiga no Brooklyn. Ele perde a conta do número de pessoas que lhe ajudaram nesta trajetória. “Esta cidade me ensinou a ter disciplina. Nunca cheguei atrasado em nenhum trabalho,” ressalta. No início, o inglês era uma barreira. Seu agente lhe ligava empolgadíssimo com ofertas de trabalho, a maior parte na Europa. Ele ria sem jeito e pedia para que o agente repetisse tudo por email, pois por escrito era mais fácil de entender. Foi só em 2006 que ele compreendeu que sua carreira decolava numa rapidez sem paralelos – ele recebera um convite para ser a capa da revista L’Uomo Vogue, uma publicação que, normalmente, só estampava artistas renomados.

Das passarelas, Evandro pensa em se afastar. Ele não é mais perfil para medidas cada vez menores. Em julho deste ano ele desfilará em Milão, mas já desistiu de Paris. Os franceses gostam mesmo é dos magrelos. Evandro quer mais: ele pretende estudar cinema – não tem grandes pretensões de ser ator, mas quer atuar em comerciais e vídeos com mais firmeza. “O trabalho com o vídeo com Lady Gaga me abriu os olhos para isso; pude ver como acontecem as filmagens”, conta ele, que faz questão de dizer que navega pelo mundo de celebridades com a mesma honestidade e humildade que passeia em Ubá. “Sou básico, uso calça jeans e camiseta”, diz ele. “Claro, `as vezes tenho que ver um cliente, me visto melhor”, diz ele, sem dar nomes de marcas. “Na minha cidade, eu não tinha noção nenhuma. Pelo menos agora sou menos brega”, ri de si o menino lindo.

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[ copyright © 2004 by Tania Menai ]

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