Petra - A Cidade de Pedra
01.fevereiro.2004
Em 1812, o explorador suíço Johann Ludwig Burchardt se disfarçou de xeique árabe para se aventurar pelo deserto do sul da Jordânia até achar o que buscava: as ruínas da cidade de Petra, toda esculpida em rochas e penhascos. A partir daí, a cidade cor-de-rosa, escondida atrás do Siq, um enorme estreito de pedra, virou peregrinação de arqueólogos e pintores americanos e europeus que visitaram o local durante o século 19. Petra ainda foi cenário do filme Indiana Jones e a Última Cruzada, rodado em 1989.
No mês passado, o Museu de História de Nova York (AMNH) inagurou a exposição Petra: A Cidade Perdida de Pedra, que expõe mais de 200 peças trazidas da Jordânia até o dia 6 de julho de 2004. “Há um imenso esforço multinacional em preservar a ecologia e as ruínas do local – principalmente desde 1985 quando Petra se tornou um Patrimônio Mundial”, disse à SUPER o curador Glenn Markoe, do Museu de Arte de Cincinnati, que trabalhou em parceria com o AMNH. Até então, tendas de “Bedouls”, tribo nômade da região, ocupavam as ruínas. Os Bedouls foram retirados de lá, ganharam casas em vilarejos próximos, mas ainda consideram Petra sua “Terra Espiritual”. “Na década de 90 foi criado um parque arqueológico. Este é um tesuoro que figura na lista dos ‘lugares em risco’ caso não for preservado”, acrescenta Markoe.
De alguma forma, os bedouls herdaram características dos nabateus, nômades árabes que chegaram na região por volta do terceiro século A.C. Foram eles que dominaram a rota comercial de seda e especiarias pela Península Árabe até o primeiro século D.C. Com caravanas e camêlos indo e vindo do Egito, Índia, Síria, Arábia e outras regiões, Petra se transformou numa cidade internacional e, consequentemente, absorveu um pouco de cada cultura que passava por lá. O idioma dominante era o aramaico, mas documentos formais chegaram a ser escritos em greco e até em latim. Eles ainda criaram suas moedas seguindo o exemplo dos gregos.
A arquitetura e engenharia dos nabateus era extremamente sofisticada –foram construidos em pedra diversos templos, cerca de 3 mil sepulturas, casas e espaços comunitários. Petra fica sob uma região sísmica e passou por vários terremotos - o maior deles, no dia 9 de maio de 356 DC, chegou a destruir metade da cidade. Mesmo assim, o que mais impressiona é o sistema público de água, que trazia água de milhares de kilômetros para dentro da cidade, além da irrigação e reservatório. Estima-se que um sistema de arqueduto chegou a carregar 40 milhões de litros de água potável por dia. Nada mal para uma cidade que chegou a seu pico populacional no ano 50 DC, com 20 mil habitantes. “Os nabateus eram mestres em reter a água que vinha da chuva, mas nos últimos quatro anos, arqueólogos ainda descobriram uma piscina do tamanho olímpico no centro de Petra”, diz Markoe.
Petra fica três horas de carro de Amã, a capital do país. O acesso é fácil, feito por estradas em pleno deserto. Markoe conta que a quantidade de visitantes, que chegava a 4 mil por dia, minguou por causa da atual instabilidade política do Oriente Médio. Contudo, o turismo é uma atividade importe para os vilarejos ao redor. Ao mesmo tempo, arqueólogos trabalham na restauração de monumentos desgastados pela umidade e erosão. Segundo o curador, o que mais impressiona qualquer visitante são as 800 tumbas esculpidas nos penhascos – muitas delas da altura de edifícios de 17 andares.
[ copyright © 2004 by Tania Menai ]
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