Sem padecer no paraíso
11.fevereiro.2001
Tania Menai
É possível conciliar o desenvolvimento da carreira e a maternidade? Nos Estados Unidos, uma resposta a essa questão está sendo dada por executivas da área financeira que trocam a administração de milhões de dólares pela gestão de fraldas e mamadeiras. Por um período determinado, elas interrompem suas ascendentes carreiras para acompanhar de perto o crescimento dos filhos. O problema começa quando as ferinhas já estão domadas e as mamães tentam retomar suas vidas profissionais. Quem sai do mercado tem dificuldade para voltar. Especialmente num setor dominado pela ala masculina e afetado por rápidas mudanças tecnológicas. A readaptação pode ser mais difícil do que fazer uma criança comer espinafre. Afinal, como manter os contatos profissionais? A solução foi encontrada por executivas como Janet Tiebout Hanson, criadora da 85 Broads, uma espécie de clube da Luluzinha do mercado financeiro. Com 14 anos de Goldman Sachs e crachá de vice-presidente, Janet ficou três anos em casa cuidando de seu bebê. Quando resolveu encarar o mercado novamente, descobriu que estava perdida. A saída que encontrou: em vez de voltar para o banco, Janet criou sua própria empresa, a Milestone Capital Management. Fundada em 1994, a Milestone hoje controla ativos de 3 bilhões de dólares.
Há dois anos, Janet resolveu criar a 85 Broads, para ajudar mulheres com problemas similares aos seus. O nome da organização é uma referência ao endereço do Goldman Sachs em Nova York, que fica no número 85 da rua Broad. Em outubro de 1999, a organização entrou para o mundo da Web, com o endereço www.85broads.com. O site é restrito às afiliadas, mulheres que trabalham ou já passaram pelo banco. Lá estão disponíveis milhares de dados sobre o mercado e nomes e telefones de contatos quentíssimos. O 85 Broads não é o único grupo formado com essa finalidade. Há a Associação das Mulheres do Setor Financeiro de Nova York, com 1 100 sócias, e uma organização criada por ex-alunas da Harvard Business School, que reúne 1 600 mulheres apenas em Manhattan. Existe ainda o Comitê das 200, uma associação para as mulheres que ocupam cargos de alto escalão. Essas associações servem como ponto de apoio para a troca de experiências entre mães que se desdobram entre o pediatra e a bolsa de valores. A partir do contato com outras profissionais, elas podem decidir se é hora de decolar ou até mesmo de cair fora do emprego.
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