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Kenneth T. Jackson
11.setembro.2005

A outra tragédia americana

Tania Menai, de Nova York

11.09.2005 | Talvez Osama bin Laden não conheça bem a cidade que resolveu atacar há exatos quatro anos, em 11 de setembro de 2001. Mas, para o lendário escritor e jornalista americano E.B. White (1899-1985), a cidade de Nova York se divide em três. A primeira é daqueles que nasceram aqui, e, por isso, são meio blasés em relação a sua exuberância. A segunda é daqueles que chegam à cidade de manhã, trabalham, e voltam para seus subúrbios no fim do dia. E a terceira é a cidade das pessoas que nasceram em algum outro lugar e vieram para cá em busca de algo. Para White, a terceira é, de todas, a melhor: “a cidade como destino final, a cidade como objetivo”, escreveu ele em seu ensaio “Aqui é Nova York”.

“Certamente, faço parte deste último grupo”, afirma o historiador Kenneth T. Jackson. E disso, ninguém duvida. Nascido em Memphis, no Tennessee, Jackson desembarcou em Nova York ainda jovem, aos 28 anos. Renomado professor de história da Universidade Columbia, é autor de diversos livros – alguns best-sellers - sobre a história e a sociedade americanas, e editor de “The Encyclopedia of New York City” (1995), que o jornal “New York Times” considera “uma obra primordial para qualquer pessoa que tenha o mínimo de interesse sobre a cidade”. Aos 61 anos, ele foi eleito presidente da New York Historical Society, instituição de pesquisa e educação sobre a história da cidade, e ocupava esse cargo na época em que a cidade foi atacada.

Segundo Jackson, vários aspectos fazem do ataque ao World Trade Center um marco sem precedentes na história. Em primeiro lugar, foi a tragédia mais assistida em toda a história mundial. “Pelo menos 100 mil pessoas correram para sobreviver, um milhão assistiram pessoalmente às torres caírem e mais de 100 milhões viram a cena ao vivo na televisão”, lembra ele. Em segundo lugar, foi um evento intencional e representou o primeiro ataque aos EUA em seu próprio solo desde a Guerra de 1812, quando os britânicos tinham invadido o país. Em terceiro, o maior Corpo de Bombeiros do mundo se concentrou de forma nunca antes vista: cerca de 200 grupos em uma área muito pequena. Em quarto, nunca morreram tantos bombeiros (343) em um único episódio da história, incluindo o chefe da organização e cerca de 20 chefes de batalhões. E em quinto: “O evento atiçou uma resposta militar, da qual eu pessoalmente discordo, contra duas nações soberanas e outros tipos de represálias em vários outros lugares”, acrescenta o historiador.

Colocando tudo isso em números: 2749 pessoas morreram - quatro eram brasileiros. Só a limpeza do local do atentado levou 262 dias para ser concluída, num trabalho de 24 horas por dia, sete dias por semana. A CNN manteve uma câmera ao vivo durante todo este tempo. A limpeza sugou 3,1 milhões de horas de trabalho braçal que resultou na remoção de quase 1,7 milhão de toneladas de entulho. O custo disso tudo foi de 750 milhões de dólares - talvez seja esta a única boa notícia desta história, pois esta quantia foi bastante inferior ao orçamento estimado inicialmente em sete bilhões de dólares.

Ao conversar com NoMínimo, em meio à agenda no começo do ano letivo, Jackson não escondeu em um só minuto sua paixão pela cidade. Tampouco deixou de mencionar a recente tragédia de Nova Orleans. De seu escritório na Columbia, ele contou que o Upper West Side é um de seus bairros prediletos em Nova York: “Também gosto muito do Meatpacking District, do Fulton Fish Market, da Arthur Avenue, no Bronx, e, claro, do Central Park, um lugar de grande influência sobre a cidade.” Resposta típica de um nova-iorquino da gema.

A pergunta é inevitável: onde o senhor estava em 11 de setembro de 2001?

Meu desejo era estar na Capela Saint Paul, que fica do outro lado da rua do World Trade Center, e milagrosamente não foi afetada pelo desastre. Queria estar lá para ver tudo de perto, pegar alguns dos papéis que voaram na explosão. Mas eu estava no meu escritório na Columbia, longe do atentado. Fiquei em Manhattan toda aquela semana e fui até downtown. Mas em momento algum estive em perigo. Isso ilustra uma grande diferença entre os atentados de 11 de setembro e a recente tragédia em Nova Orleans. A infra-estrutura de Nova York é tamanha que a energia que abastece a cidade não falhou, o fornecimento de alimentos e de água nunca foi ameaçado, o correio funcionou normalmente, os serviços de metrô e ônibus idem – exceto por aquela pequena parte da cidade, é claro. Em Nova Orleans, a cidade inteira foi afetada. O World Trade Center era imenso, mas ficava numa área pequena.

O tamanho daquelas torres não era desproporcional a Manhattan?

Certamente. Assim como a maioria dos nova-iorquinos, eu não gostava das torres gêmeas. Além de feias, elas eram desconectadas da cidade. O grande barato de Nova York é caminhar. Trata-se de uma cidade em escala humana, onde há muito comércio nas ruas e as calçadas são tomadas pelos pedestres. O World Trade Center se isolava disso – era uma cidade dentro da cidade. Era preciso chegar lá por uma garagem ou por trem ou por metrô. Não havia lojas em seus limites, o que lembra muito a maneira como são os prédios de Detroit. Mas não é isso que faz de Nova York a cidade que ela é.

E o que a faz tão especial?

Três coisas. A primeira: esta é uma cidade densa. São Paulo e Rio são bastante densas também, mas Nova York é uma cidade de ruas estreitas e prédios grandes; então, a densidade populacional é bastante grande. Não estou dizendo que é a mais densa do mundo, mas, com certeza, é a mais densa dos Estados Unidos. As demais cidades americanas são espalhadas, projetadas para os carros. A segunda: esta é a cidade com a maior diversidade do mundo. Temos 2.9 milhões de pessoas nascidas no exterior, legalmente vivendo em Nova York – sem contar o subúrbio. E este número nem inclui as pessoas que chegaram aqui com três anos de idade, vindas de algum outro país. E assim tem sido nos últimos 400 anos. Em terceiro lugar, esta é uma cidade relativamente tolerante. Sei que o Brasil também é. E isso não significa que as pessoas sejam mais simpáticas em Nova York do que em outros lugares. Pelo contrário. Mas a cidade é tão grande que as pessoas não se importam se você é gay, negro ou qualquer outra coisa – e isto não acontece no resto dos EUA. Veja bem, o Partido Comunista tinha sede aqui, o movimento gay começou aqui, o movimento de mulheres idem. E isso não acontece porque os habitantes daqui são mais agradáveis, mas porque uma grande cidade como esta proporciona anonimidade, além de uma massa crítica capaz de aglutinar as pessoas.

Não chega a ser irônico que a cidade com a maior diversidade do mundo tenha sido atacada como símbolo dos EUA?

A cidade foi atacada por algumas coisas que ela representa - e que vão contra a ideologia de quem nos atacou. Uma delas é o que alguns chamam de “imoralidade” – e olha que há lugares ainda mais “selvagens” nos EUA. Mas Nova York representa o estilo de vida de “se fazer o que quer”. Além disso, a ênfase em dinheiro e a ganância podem ser vistas como excesso de capitalismo e materialismo. Aqui, há diversidade. Para cá, vêm os que querem alcançar algo. Temos aqui a filosofia de “viver e deixar as coisas acontecerem” que é celebrada no mundo ocidental. De alguma forma, os terroristas estavam atacando os símbolos dos EUA. Nova York é, de fato, a cidade menos americana de todas – mas, ao mesmo tempo, estes aspectos a tornam a mais americana.

E é isso que gera ódio nos tais terroristas?

Acho que eles pensaram bem no que estavam bolando, lá numa caverna do Afeganistão. Digo isso porque, se eles quisessem matar um monte de gente, poderiam ter voado em direção a um estádio de futebol americano numa tarde de sábado ou domingo. Mas eles atacaram Nova York logo antes de a cidade começar a trabalhar. Se eles o tivessem feito meia-hora depois, haveria 50 mil pessoas nas torres em vez de 14 mil. Foi bom para a cidade que eles vieram naquela hora; mas foi ruim para os bombeiros. Eles estavam exatamente na hora de mudança de turno. Muitos deles estavam deixando o trabalho às nove da manhã, e mesmo assim foram para o World Trade Center. Dos 343 bombeiros que morreram, 60 não estavam em hora de trabalho.

O que lhe passou pela cabeça quando o senhor soube dos ataques?

Primeiramente, pensei como todo mundo, que se tratava apenas de um pequeno avião que incidentalmente batera no World Trade Center. Mas depois liguei a televisão e vi o segundo avião bater na torre. Neste momento, todo mundo sabia que aquilo não se tratava de um acidente – aquilo era algo grandioso. Sabíamos disso mesmo antes de um terceiro avião atacar o Pentágono. O governo ordenou que todos os aviões do país pousassem imediatamente. Era uma ordem sem precedentes. Ao saber disso, dei-me conta de que a coisa era séria. Nos EUA, há mais de 4 ou 5 mil aviões no ar a qualquer hora. Os americanos voam muito. Para fazer com que toda essa frota pousasse, tinha de ser algo gigantesco. E eles o fizeram. Havia aviões indo de Iowa para a Califórnia, por exemplo. Como eles fizeram, eu não sei, mas a ordem era “Aterrissem já.”

O senhor guarda alguma história específica daquele dia?

Sim. Naquele momento em que a primeira torre caiu, eu sabia que centenas de bombeiros iriam morrer porque a tradição dos bombeiros de Nova York é entrar no prédio em chamas, independentemente da gravidade. Procurei saber deles, em vez de buscar outras pessoas, pois eu sabia que, às 8h45 da manhã, estas estariam seguras. As que morreram dentro dos prédios estavam no lugar errado, na hora errada. Mas os bombeiros colocaram suas próprias vidas em risco. E morreram. Sempre vou me lembrar de como me senti quando as torres caíram. E eu sabia imediatamente que este seria o pior dia da história do Corpo de Bombeiros.

Como o senhor viu o desempenho do então prefeito Rudy Giuliani?

Sua atuação foi brilhante. Na verdade, ele foi salvo pelo 11 de setembro. Não fosse por esse episódio, ele seria lembrado hoje pela brutalidade policial, pela recessão em que a cidade navegava e pelos deficits que estavam começando a aparecer. Mas ele assumiu um papel importante, acertou em quase tudo o que disse naqueles dias, passou-nos um sentimento de compaixão, de preocupação, de luto, de tristeza - e o recado de que “nós vamos lidar com isso e é para já, não é para deixar para depois”. As pessoas não tiveram isso em Nova Orleans – nem do prefeito, nem do governo, tampouco do presidente. De ninguém. Já nós ganhamos isso de Giuliani.

Além de Giuliani, os próprios nova-iorquinos agiram inacreditavelmente bem. Na noite dos atentados, o St. Vincent Hospital – o mais próximo ao WTC - contava com dezenas de voluntários que trabalhavam como formigas. A fila para doar sangue era imensa, a fila para doar comida e água aos médicos nem se fala.

Ah, sim. Além disso, as pessoas correram aos Corpos de Bombeiros para levar comida, porque muitos bombeiros vieram de outras cidades e do subúrbio para substituir os que haviam morrido já naquele dia. As pessoas queriam ajudar. Elas aplaudiam as equipes de resgate pelas ruas, a caminho do Ground Zero. Os nova-iorquinos reagiram imediatamente. O prédio ainda estava em chamas e já tinha gente procurando por sobreviventes, incluindo bombeiros que buscavam seus colegas. Houve um imenso contingente de pessoas especializadas em resgate indo para lá. E, claro, o presidente Bush chegou aqui mais cedo do que chegou a Nova Orleans. Não me lembro de ninguém reclamando da falta de recursos in loco. Lembro-me, inclusive, de ter visto, às 11 horas daquela noite, caminhões passarem com equipamentos pesados pela Avenida Amesterdam, onde fica a Columbia, no norte de Manhattan, em direção ao World Trade Center. Isso foi 12 ou 14 horas depois do atentado. Em momento algum, sentimos a falta de reação do governo, como está acontecendo em Nova Orleans.

O presidente Bush e a cidade de Nova York nunca foram amigos, tampouco irmãos. Esta relação mudou depois de 11 de setembro?

Ele, certamente, não se importava com Nova York em 2004, assim como não dava a mínima para a cidade no ano 2000. Ele sabe disso. Contudo, não acho que os atentados de Nova York afetaram negativamente seu governo, da forma como os episódios de Nova Orleans têm afetado. Por sinal, acho até que 11 de setembro o ajudou. Faz pouco mais de uma semana que o furacão Katrina varreu Nova Orleans e as pessoas já estão atacando seu governo. Ninguém o atacou uma semana após 11 de setembro.

Por outro lado, depois dos ataques a Nova York, o mundo estava ao lado desta cidade. Hoje, o anti-americanismo não pára de crescer.

Verdade. E o presidente Bush tem alguma responsabilidade nisso. Os Estados Unidos deixaram de ser o país mais admirado, honrado e amado do mundo – mesmo sendo poderoso e rico -, e são vistos como uma nação agressiva e anti-democrática. O mundo e até mesmo os nossos ex-aliados nos vêem hoje de uma forma negativa. E essa é uma mudança extraordinária para um período tão curto de tempo.

Como o senhor vê esta demora do governo no atendimento a Nova Orleans em comparação com a resposta imediata aos ataques de Nova York?

No caso de Nova York, houve o aspecto psicológico. Os Estados Unidos se sentiram atacados. É verdade: povo de Nova Orleans não recebeu a mesma solidariedade que o de Nova York. Os moradores Nova Orleans sabem que ali é uma área de furacões e, com dois dias de antecedência, estavam informados sobre a força do Katrina. Depois da tragédia, o evento ganhou uma dimensão racial. Mas não acho que o resto do país tenha tido, inicialmente, a mesma compaixão com Nova Orleans. Muitos escolheram não evacuar a tempo. Claro que várias famílias nem tinham condições financeiras para isso – e depois de tantas vítimas, não pensamos tão friamente assim. Nova Orleans é a região metropolitana mais pobre dos EUA, e a mais negra. Sendo assim, vêm à tona assuntos raciais, que estavam varridos para debaixo do tapete. Mas não podemos esquecer que, no caso do World Trade Center, também morreram bombeiros inocentes. Além disso, engana-se quem pensa que os grandes nomes da economia americana trabalhavam naquelas torres. Se você quisesse atacar o banco Goldman Sachs, o endereço não era lá. O World Trade Center era feito de escritórios de apoio, os chamados back-offices – e não de sedes de empresas. Você tem que conhecer Nova York muito bem para saber que os grandes capitalistas não trabalhavam lá. Pode até parecer isso quando se olha a cidade lá do Afeganistão. Quem mora aqui, no entanto, sabe que não era o caso.

Nas semanas e meses seguintes aos atentados, os nova-iorquinos escutaram repetitivamente de políticos e da mídia frases como “não podemos nos abater”, “somos fortes” ou “temos de reconstruir as torres”. Com tudo isso e mais as mudanças práticas, tivemos tempo de passar pelo luto necessário?

Acho que sim. As pessoas choraram. Assistimos a todos aqueles funerais. Este episódio chocou os Estados Unidos. Acho que, sim, Nova Orleans é uma tragédia maior. Mas 11 de setembro foi uma pancada psicológica. Não podemos manipular Deus. Mas foi difícil, psicologicamente, para o país se dar conta de que alguém seja capaz de planejar um ataque dessa magnitude, de que somos vulneráveis, de que o oceano não nos protege de mais nada, e de que, de repente, o país super poderoso foi atacado por homens de caverna.

O que mudou na cidade desde então?

Acho que as pessoas estão superando o medo de andar de metrô, apesar de o atentado de Londres ter trazido um pouco isso de volta. Muita gente ama Nova York, mas não dava muito valor a ela. Mas, de certa forma, uma cidade é como uma pessoa: ela pode ser destruída. Temos de nos dar conta do que amamos e por que amamos. O amor que as pessoas têm por Nova York pode ser visto pelos preços dos imóveis, que não pararam de subir desde 11 de setembro. E muito.

O que o senhor achou da cobertura da mídia nas semanas depois dos ataques?

Esta foi a maior história jornalística do mundo. Além de ter sido um ataque a um prédio grande, as pessoas viram tudo ao vivo. Em Nova Orleans, as coisas aconteceram mais lentamente, não há como mostrar ao vivo a água subindo. Nova Orleans é uma grande história, sem dúvida. Mas o ataque às torres gêmeas ganhou dez vezes mais cobertura do que o assassinato do presidente Kennedy, em 1963. Em termos de mídia, essa é a matéria desta geração. E olhe que estou grudado na televisão assistindo a Nova Orleans – e vejo que os principais canais já estão deixando a cobertura de lado.

O senhor organizou uma exposição sobre os atentados, incluindo fotos e uma parede com o nome das vítimas, pouquíssimo tempo depois de 11 de setembro. Como foi preparar esta exposição?

Não precisei esperar outros historiadores dizerem que este era um dos momentos decisivos na história de Nova York. E, na New York Historical Society, eu sabia que esta era a coisa certa a ser feita. Ainda que muita gente não quisesse ver a exposição, milhares de pessoas visitaram, muitas queriam aprender – e lhes demos um espaço.

O que o senhor acha dos projetos apresentados para reconstrução do World Trade Center?

Desinteressantes. Talvez tenhamos de demorar um pouco para reconstruir qualquer coisa, não sei. Pode-se esperar 30 anos até construir um monumento homenageando uma batalha que aconteceu na França em 1916. Mas, em Nova York, o Ground Zero é uma parte preciosa da cidade; então, há uma grande pressão para se fazer alguma coisa lá. E isso tem sido difícil. Há pessoas que estão à frente do tempo.

Em Nova York, se diz que a vida não voltou ao normal – mas que se vive um “novo normal”. O quão difícil foi para a cidade restaurar a confiança e o turismo?

Turistas europeus ainda não retornaram de uma forma plena se compararmos aos números que tínhamos antes. O turismo internacional ainda está um pouco em baixa. Mas isso tem a ver também com a recessão econômica. Por outro lado, o turismo doméstico está um alta.

Os turistas podem até ter parado de vir, mas os imigrantes continuam. O que traz as pessoas para cá?

Esta cidade celebra aspirações. Para muitos, isso pode soar negativamente, como simples materialismo. E é preciso gostar disso. Esta é uma cidade onde as pessoas enriquecem, onde tocam piano bem, onde melhoram no que fazem. Aqui, ao contrário de outros lugares, os muito ricos ainda moram no meio da cidade. Então, há muita riqueza, densidade demográfica, uma diversidade incrível – e isso cria um formato cultural único. Paris, Londres e outras cidades têm cenas culturalmente vibrantes, mas tendem a ser menos diversificadas ou menos concentradas ou menos densas ou menos tolerantes do que Nova York. Aqui o mundo se reúne. O fato de as Nações Unidas serem aqui ajuda, mas, no fundo, isso tudo nada tem a ver com a ONU. Tem a ver com uma história peculiar de uma cidade aberta a todos os tipos de grupos. Pessoas “estranhas” se sentem atraídas por Nova York porque o resto do povo, aqui, não está nem aí para a estranheza. Este aspecto pode parecer uma atitude fria, mas também é libertador. Há quem não goste disso - mas Nova York é o que é.

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[ copyright © 2004 by Tania Menai ]

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