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Equilíbrio para o trabalho
18.abril.2001

Tania Menai, de Nova York

EXAME Edição(724) A cena de cinema já é clássica. O sujeito atrasado para um compromisso urgente, em Nova York, fazendo sinal para um táxi que não pára. Pois é pensando em situações como essa que o hotel Le Parker Meridien, na rua 57, no centro de Manhattan, está criando esta semana um novo serviço: aluguel de patinete. Isso mesmo, o bom e velho patinete. Chamado de scooter, o brinquedinho é a mais nova febre nos Estados Unidos. Começou, é claro, com as crianças. Mas já há muito executivo usando o patinete para ir para o trabalho.

Feitos de alumínio, os patinetes não chegam a pesar 3 quilos (menos que um laptop), e estão por toda parte. A pioneira da febre americana das rodinhas coloridas é a Sharper Image, uma cadeia de lojas de produtos de design sofisticado. Ela importa a marca Razor de Taiwan.

Os patinetes de hoje vêm com plataformas aerodinâmicas e alcançam uma velocidade de 25 km/h. Só este ano devem ser vendidos entre 2 e 5 milhões de patinetes nos Estados Unidos, um negócio de 200 milhões de dólares. Uma bela brincadeira para a Sharper Image, que aumentou suas vendas em 80%. Só por catálogo, foram 6,8 milhões de dólares em agosto. As ações da empresa também subiram 80% no verão, assim como as das cadeias Children’s Place e Huffy. (Mas investidores dizem que a concorrência e a chegada do inverno ao Hemisfério Norte farão o preço das ações patinar ladeira abaixo.)

A primeira leva de patinetes chegou aos EUA há dois anos. Não colou - o brinquedo não era dobrável e enfrentava o mesmo dilema da bicicleta: onde guardá-lo? No ano passado, chegaram os modelos dobráveis. Em abril deste ano, com a primavera, as vendas explodiram.

Os executivos são um grande filão de vendas. Tanto que, no catálogo de outubro, a loja mostra um homem engravatado pilotando o modelo Xootr (pronuncia-se zúter) Street Scooter, criado por projetistas de carros de corrida de Palo Alto. O brinquedo de gente grande agüenta 113 quilos. Preço? De 269 a 389 dólares, dependendo dos acessórios. O modelo básico, o Razor, normalmente usado pelas crianças, custa 99 dólares, mas os camelôs de Manhattan já vendem cópias por 45 dólares.

"Da minha janela vejo o pessoal de patinete indo e voltando do trabalho", diz Tony Farrell, vice-presidente sênior da Sharper Image. Seu escritório fica no Embarcadero, parte plana de São Francisco. No Vale do Silício, o patinete ganhou o nome de PTV (Personal Transportation Vehicle, ou veículo de transporte pessoal).

Foi no Japão que a onda começou, migrando rapidamente para a Austrália e em seguida para o Havaí. De lá, a brincadeira se espalhou que nem gripe pela Flórida, Los Angeles e, claro, Nova York, onde até a polícia já adotou o transporte. Depois foi a vez da Europa. No Brasil, a Companhia Brasileira de Bicicletas, que desde o final de agosto produz uma cópia do patinete de Taiwan em sua fábrica de Manaus, já vendeu 80 000 unidades para lojas do país inteiro.

Por que será que o brinquedo faz tanto sucesso entre executivos? "De patinete, chego ao trabalho em menos de 10 minutos", diz o americano David Alpert, 25 anos, da Marketing Information, uma empresa de Manhattan. Paul Shand, 42 anos, contou ao jornal The Washington Post que conseguiu diminuir de 20 para 7 minutos sua ida ao trabalho. Só tem um porém: ele depende da permissão de seu filho de 8 anos para pegar o patinete emprestado.



[ copyright © 2004 by Tania Menai ]

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