Vivendo la vida loca
30.maio.2001
Tania Menai, de Nova York
Eles faziam caras, bocas e jogavam beijos para as fãs. Quem assistiu ao show de perfeitos dublês de Ricky Martin bailando La Vida Loca, de calça de couro e tudo, nunca imaginaria que os galãs eram alunos do MBA de Wharton, em Filadélfia, considerada uma das melhores escolas de negócios do mundo. Só que a performance certamente não entrará no currículo. O show aconteceu numa das festas da Wharton Latin American Student Association (Whalasa), uma das dezenas de organizações de estudantes latinos que chacoalham os cursos de MBA nos Estados Unidos.
Os nomes soam indianos - Whalasa, Laba, Lahima -, mas, na maioria dos casos, os presidentes dos grupos são mesmo de São Paulo. Eles promovem seminários, viagens e eventos que estampam a América Latina na comunidade econômica e financeira dos Estados Unidos e vice-versa. "O MBA não é feito só de livros", diz o paulista Bob Sutton, 28 anos, um dos organizadores do grupo de Wharton. "Essas atividades são essenciais para a integração dos alunos, o contato com as empresas e para desmascarar a imagem sisuda típica dos MBAs." Pelas conferências da Latin American Business Association (Laba), da Universidade Colúmbia, em Nova York, já passaram nomes como o ex-presidente argentino Carlos Menem e Armínio Fraga, presidente do Banco Central. A Laba tem time de futebol patrocinado, promove programas de aconselhamento, envia currículos para empresas e organiza duas "wild fiestas" por ano - a última com 1 300 pessoas.
Na MIT Sloan School of Management é o paulistano Alon Lederman, de 29 anos, quem co-preside o Brazilian Club@ Sloan. O grupo é responsável por happy hours com brasileiros de outras escolas e almoços com professores do MIT. Eles também organizam a Conferência Latina, que recentemente envolveu 300 pessoas com a presença do banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity, e do ex-ministro chileno Eduardo Aninat. "Na última festa brasileira tivemos 600 pessoas, feijoada, moqueca, coxinha, empadinha, brigadeiro, quindim, muita caipirinha, samba, capoeira e lambada" (ufa!), diz Lederman. Na Latin American, Hispanic and Iberian Management Association (Lahima), da escola de administração Kellogg, em Illinois, os 26 alunos brasileiros de MBA representam a maior comunidade internacional da faculdade. Eles organizam, além de encontros e aulas em diversos cantos do mundo, o KarnaKellogg, o Carnaval local.
Muitos desses eventos são patrocinados por consultorias e bancos de investimentos como Booz Allen & Hamilton, Salomon Smith Barney e Deutsche Bank. A Harvard Brazilian Organization, da Universidade Harvard, em Boston, é apoiada financeiramente pela David Rockefeller Center for Latin American Studies e pelo Undergraduate Council, conselho estudantil da faculdade. A turma do MIT tem patrocínios do Banco Itaú e da General Motors. "O que mais nos motiva a patrocinar esses programas é o recrutamento", diz Lycia Hossaka, analista sênior da GM em Detroit. "Empresas globais precisam aumentar a diversidade em seu quadro de executivos." A GM contratou cinco MBAs da MIT Sloan no último ano. Os membros da Hispanic and Latin Business Students Association (HLBSA), da Michigan Business School, estão organizando uma feira de recrutamento direcionada especialmente para a América Latina.
[ copyright © 2004 by Tania Menai ]
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