Um vinho para chamar de seu
01.dezembro.2006
Vinícolas americanas dão nova dimensão ao culto à bebida e permitem que apreciadores desenvolvan seu próprio vinho - da escolha da uva ao licenciamento da marca.
Para alguns vinho é prazer. Para outros, um hobby. Mas quando trata-se devoção, a saída é criar o própria marca. A boa notícia é que os aficcionados já têm para onde recorrer. O mercado de vinhos é mais um que segue a crescente onda dos produtos costumizados, que hoje vão de jeans a geladeira. Além de empresas que oferecem a escolha de rótulos costumizados para datas especiais, um João da Silva pode colocar à mesa, por exemplo, um “Silva Safra 2006, ” produzido por ele do começo ao fim. Segundo a revista americana WineMaker, os Estados Unidos já têm 750 mil produtores amadores de vinho. “A vontade de vários executivos é de jogar tudo para o alto, mudar com a família para o campo e cultivar vinho,” diz à Exame Michael Brill, que há três anos fundou a Crushpad, uma vinícola em plena cidade de San Francisco. “Damos uma alternativa para quem não têm esta oportunidade – e as vinícolas, normalmente ficam em lugares isolados”, conta ele, que já contabiliza 2 mil clientes que pagam sete mil dólares por um barril de vinho próprio.
Um barril – que equivale a 300 garrafas de vinho a 23 dólares cada - é a produção mínima exigida para cada cliente, que companha todo o processo: escolhem desde a uva até o design do rótulo. Mas nem sempre isto é feito pessoalmente; 60% dos clientes da Crushpad não moram na Califórnia. “Temos muitos clientes em Nova York e na costa leste do país,” diz Michael, complementando que a faixa etária dos clientes varia entre 30 50 anos. Sem falar nos que assumem o papel de vinicultor logo que se aposentam. “Os clientes que vivem em San Francisco, ou perto daqui, acompanham pessoalmente cada passo da produção de seu vinho. Quem mora longe, seguem toda a trilha via internet.”
Na Crushpad, o cabernet (ou “cab” para os íntimos) e o pinot noir são as escolhas mais populares. Um pinot noir leva cerca de 8 meses para ficar pronto; o cabernet é para os mais pacientes, que esperam até dois anos para saborear a cria. A Crushpad trabalha com 30 vinhedos na Califórnia, sete deles em Napa Valley. Cada cliente é sempre acompanhado por um dos três vinicultores da empresa, que conta ainda com 24 funcionários, da área tecnológica à administração. A temporada começa sempre no mês de outubro, quando os clientes podem escolher as uvas. Mas para os que chegam atrasados no processo há esperança. “Sempre produzimos 25% a mais de vinho para vendê-los no programa ‘Adote uma Garrafa’ ”, explica.
Mesmo sem ter passado pelas primeiras das seis fases, o cliente pode acompanhar da fermentação ao engarrafamento. E escolher seu próprio nome e rótulo. Muitos clientes já produzem o suficiente para comercializar suas produções. A própria Crushpad auxilia os novatos dando dicas sobre armazenamento e distribuição, e fornecendo serviços como auxílio em licenciamento, comércio virtual e marketing. Também na Califórnia, na cidade de San Carlos, uma vinícola menor, a Bacchus WineMaking Club, oferece o mesmo serviço. Cada cliente paga 900 dólares de inscrição e deve produzir o mínimo de um quarto de barril (no ano que vem o mínimo será a metade de um barril) – isso custa uma média de mil dólares, mas não há como acompanhar detalhadamente via internet. Mas o processo é o mesmo, das uvas ao rótulo. Depois de toda esta aventura, resta saber se algum apreciador mandará a garrafa de volta para a cave depois de dar o primeiro gole.
Passo a passo –
1 – O cliente escolhe que tipo de vinho quer produzir. Do mais simples ao mais sofisticado. Quem manda é o freguês.
2 – A partir daí, os vinicultores da empresa ajudam os clientes a selecionar as uvas apropriadas e a partir dai fazer a receita que será seguida desde a colheita ao engarrafamento.
3 – Os vinicultores mantém o cliente informado sobre a safra e época da colheita. Os mais interessados, podem visitar os vinhedos.
4 – Depois da colheita, os clientes podem participar da limpeza que se faz nas uvas, selecionando apenas o que serve e, posteriormente, pressionando as uvas. O resultado vai para uma barrica designado para o cliente.
5 – Depois da fermentação, os tintos são prensados, vão para o barril, acabam a fermentação melolática, (que deixa os taninos mais suaves) e envelhecem. A maioria dos brancos vão para o barril já fermantados. De vez em quando o cliente vai lá, experimenta e cheira a cria. Quem está longe da vinícola sabe que os vinicultores estão lá observando passo-a-passo.
6 – O cliente é ajudado a escolher a melhor garrafa, o design do rótulo e a rolha. As garrafas são postas em caixa de 25 garrafas cada.
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[ copyright © 2004 by Tania Menai ]
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