Todas as reportagens

Outras reportagens de: Exame

- Sem padecer no paraíso
- Nunca nada pra ninguém
- Apertem os cintos
- McDonaldização da economia
- Que horas serão em Srinagar?
- Vale o que vier
- Arte para workaholics
- Equilíbrio para o trabalho
- Como conquistar novos mercados
- Responda, por favor
- Casual complicado
- MBA com Shakespeare
- Separando os trapos
- Pega na superestrada
- Uma ONG para empreendedores
- Para onde foi o subúrbio?
- Para onde vai a fusão?
- Alugam-se maridos
- Antena ligada
- A vantagem de ter um mentor
- Corações partidos em Wall Street
- 100 000 pessoas trabalhando de graça
- Tapete voador
- Gestão esperta
- Milagre no Bronx

Bendita Concorrência
08.agosto.2001

Tania Menai, de Nova York

Nos Estados Unidos, o USPS usa competição com as empresas privadas para se modernizar

EXAME Edição(746) No dia 19 de junho, o United States Postal Service (USPS), o serviço postal estatal dos Estados Unidos, celebrou uma aliança com a FedEx, a segunda maior empresa de entregas expressas do país. Milhares de postos de coleta self-service da FedEx serão instalados nas agências do USPS. Em troca, a estatal utilizará os aviões da FedEx para entregar correio doméstico. Com isso, a empresa pública economizará 1 bilhão de dólares e dobrará o faturamento nos mercados de entrega prioritária, feito em 48 horas, e expressa, em 24 horas.

"Essa aliança vai fortalecer o correio, melhorar os serviços e aumentar a receita", diz Patricia Gibert, vice-presidente da divisão de varejo e consumidores do USPS. O FedEx, que fatura 15 bilhões de dólares por ano e entrega 3 milhões de pacotes por dia, pagará ao USPS entre 126 milhões e 232 milhões de dólares em receita, dependendo do volume dos postos self-service.

Com 850 000 funcionários, o USPS é o segundo maior empregador do país. Só perde para a Wal-Mart. Em 2000, faturou 64 bilhões de dólares e gastou 62 bilhões para entregar 207 bilhões de correspondências. Já a maior companhia privada de entregas expressas do país, a United Parcel Service (UPS), fatura 30 bilhões de dólares por ano e entrega 14 milhões de encomendas por dia.

A empresa estatal tem o monopólio sobre as cartas comuns (prioritárias), mas não sobre as encomendas expressas e o serviço rápido (overnight), aberto à concorrência. Fora as filas nas agências, os usuários não têm do que reclamar. Os americanos pagam todas as contas enviando cheques por cartas. Uma pesquisa realizada em 2000 mostrou que 92% dos usuários consideram o serviço "excelente".

"A eficiência do USPS deve-se à competição com empresas como a FedEx e a UPS, que entregam mais rápido", diz o mineiro Joaquim Ribeiro, da empresa de mídia Aol Time Warner, em Nova York. A estatal goza também do monopólio sobre as caixas de correio, públicas e domésticas. Só o usuário e o USPS têm a chave delas, e qualquer violação das mesmas é crime grave. Ninguém pode usá-las. O correio faz inspeção nos pacotes e nas agências, e quem despachar material atentatório à lei, como pornografia infantil, é preso na hora.

A desvantagem da estatal é o preço. "Como nossos preços são regulados pelo governo, não podemos oferecer descontos para empresas que despejam milhares de cartas por mês", diz Pat McGovern, porta-voz do USPS. Entretanto, o correio oferece serviços como o Work Sharing, por meio do qual clientes com muita correspondência, como a loja Macy’s ou a companhia de gás Con Edison, separam as cartas pelos CEPs eles mesmos e ganham desconto na postagem.

O USPS aposta alto no mercado de vendas por catálogo. Segundo a Direct Marketing Association, elas chegaram a 111 bilhões de dólares em 2000, cinco vezes mais do que foi faturado pela Internet. "Já estamos entregando as mercadorias do Home Shopping Network, que vende produtos via televisão, e de empresas que vendem por catálogos, como J. Crew, Harst e Plow", diz McGovern.


[ copyright © 2004 by Tania Menai ]

---

voltar