Olhar não engorda
30.agosto.2003
Depois de mostrar diamantes e pérolas, o Museu de História Natural de Nova York faz uma exposição memorável sobre o chocolate
Tania Menai, de Nova York
As crianças adoram. Os amantes amargurados idem. A medicina já o cortou das dietas. Mas pouca gente resiste ao chocolate, que tem em sua composição uma proteína chamada teobromina, que age sobre o cérebro da mesma forma que a cafeína. Agora foi a vez de o Museu de História Natural de Nova York render-se às delícias desse derivado do fruto da árvore do cacau. A mostra do museu americano conta a história dessa planta, que só nasce ao sul do Equador e foi usada cerimonialmente pelos povos pré-colombianos. O primeiro ambiente da mostra reproduz o habitat da Theobroma cacao, ou pé de cacau. Ao som de pássaros, os visitantes exploram as propriedades dessa árvore. A próxima parada é o mundo dos maias, indígenas pioneiros em usar a amarga semente cacaueira para produzir uma bebida condimentada servida em cerimônias religiosas e da realeza e para o comércio. Nessa sala, está um pedaço de chocolate encontrado em Honduras datado de 437 d.C., assim como copos de cerâmica ornamentados. Sementes de cacau valiam como moedas, serviam de pagamento ao governo e, inclusive, feirantes do mercado asteca as guardavam em lugares secretos. Os transportadores de sacas de cacau, que percorriam enormes distâncias carregando-as nas costas, eram protegidos por guerreiros contra a ação de ladrões. "O melhor livro sobre o assunto, escrito em 1955, tem o título de A Época em que o Dinheiro Nascia em Árvore", conta Charles S. Spencer, curador do departamento de antropologia. Com a conquista da América pelos espanhóis, o cacau logo se tornou uma especiaria entre a nobreza européia. Os espanhóis resolveram adicionar açúcar, abrindo caminho para a utilização do chocolate em barras e para sua transformação em assunto que merece uma exposição em museu.
[ copyright © 2004 by Tania Menai ]
---
voltar |